O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, novembro 21, 2018

À MÃE NUNCA ESQUECIDA!



Em outubro, no Seminário das Missões, conheci o livro “D. António Barroso – o «Santo» Bispo Missionário”, do P. Januário dos Santos, onde encontrei o testemunho do nosso Padre Américo que, agora, partilho convosco.

“…O Senhor D. António Barroso foi o homem do seu tempo. Encheu a História. Coisas pequeninas tornaram-no um gigante.

… De uma vez, também em Barcelos, a Câmara de então quis prestar-lhe as honras de haver sido transferido do Ultramar e feito Bispo do Porto, tendo-o detido numa sessão magna, antes de ir a Remelhe ver a Mãe. Começam os oradores. Nisto, o festejado olha. Pareceu-lhe ver, ao fundo, alguém conhecido… Torna a olhar. Não há dúvida. Era ela! (sua Mãe). Levanta-se. Abre caminho. Há o encontro. Toma-a consigo. Regressa ao estrado. Fá-la sentar na sua própria cadeira. Acabou a sessão. Estava tudo dito!

… Não sei se algum Bispo da História de Moçambique tenha ido ao Zumbo antes dele. Era uma jornada de 15 dias por carreiros gentílicos. Ele foi. Ao passar por Tete, já de noite, bateu à porta do Anacleto Martins, velho colono. A família estava à mesa quando o anunciaram: “Entre que ainda há duas argolas.” E entraram. O Prelado tomou uma das argolas e jantou familiarmente.

… Só ele mereceu ocupar e preocupar os homens do Terreiro do Paço naquele tempo. Duro, tenaz. Rebelde. Uma só cara. Não torceu nem quebrou! Só ele!

Porém a sua grande loucura está no amor aos pobres. Desmandos. Imprudências. Coisas mal feitas – tudo. Um cordão que a Mãe lhe dera gastava-se aos bocadinhos, quando não havia dinheiro. Os grandes escondem-se!

E é justamente agora que temos o verdadeiro acontecimento. Por tudo, mas principalmente por causa desta sua devoção, é que a diocese do Porto, Bispo á frente, resolveu consagrar à sua memória o núcleo das vinte e oito casas de Miragaia, para que de futuro se chamem e sejam efectivamente Bairro D. António Barroso”.

Amigo leitor, certamente estará de acordo que este testemunho encerra, com chave de ouro, a série de textos comemorativa do 164º aniversário do nascimento de D. António Barroso. Não só porque é um “santo” a falar doutro “santo”, mas, especialmente, porque realça o seu amor pela Mãe. “Estava tudo dito!”

Um meu amigo, quando convidado para festa de aniversário, sempre leva uma flor para a mãe do/a aniversariante porque, diz, quando um filho faz anos quem merece parabéns é a mãe.

Lembro o poema “Às Mães”, de Guilherme Braga, que D. António Ferreira Gomes gostava de citar: “Quem sabe o nome vosso, ó mães de Tasso e Dante?”. E a expressão de D. Manuel Clemente que dá título a este texto.

A minha homenagem a José António de Sousa Júnior e Eufrásia Rosa Barroso pelo nascimento do seu primogénito, António José, em 5 de novembro de 1854. Um bem-haja para os pais. E para as mães, a flor da nossa gratidão. (1/11/2018)