GESTOS EXEMPLARES
Correspondendo ao pedido que D. António Marto nos
fez, no passado dia 2 em Fátima, manifesto a minha “profunda comunhão” com o
Santo Padre que está ser vítima de um “ataque ignóbil e organizado” que procura
“pôr em causa a sua credibilidade e criar uma divisão na Igreja” (JN, 3/9/2018). E faço-o, fazendo-me eco
do artigo “Mulheres no Santo Ofício” (JN,
23/4/2018).
O seu autor, P. Fernando Calado, começa por afirmar que
“o Papa Francisco deu mais um sinal claro da sua determinação em dar mais
relevo às mulheres no interior da Igreja Católica”. E fundamenta: “No sábado
passado, pela primeira vez, foram nomeadas três peritas como consultoras da
Congregação da Doutrina da Fé”. Cargo que sempre esteve reservado a clérigos.
“A partir de agora o conjunto dos consultores daquela Congregação – que já se
chamou do Santo Ofício – passa a ser maioritariamente feminino”. É formado por
dois clérigos e três leigas que são: Linda Ghisoni especialista em Direito
Canónico, Michelina Tenace, professora de teologia na Pontifícia Universidade
Gregoriana, em Roma, e Laetitia Calmeyn, professora de teologia no Collège des
Bernardins, em Paris.
Esta inusitada nomeação é “mais um exemplo que demonstra
a preocupação de Francisco em promover os leigos e em dignificar a mulher na
Igreja”. E está em consonância com o documento final da reunião plenária,
realizada em Roma entre 6 e 9 de março, da Pontifícia Comissão para a América
Latina a quem o Papa pediu que refletisse sobre “A mulher, pilar da edificação
da Igreja e da sociedade na América Latina”. Esse texto-síntese denuncia que,
na América Latina, continuam a existir “ clérigos machistas, mandões, que
pretendem usar as mulheres apenas como escravas dentro da sua paróquia, e como
clientela submissa ao culto e mão-de-obra barata para tudo o que se necessite”.
Quantas trabalham apenas motivadas e recompensadas pela sua consciência de bem
servir.
O documento
recomenda a integração “das mulheres nas estruturas pastorais das comunidades
paroquiais, diocesanas, ao nível das Conferências Episcopais e na Cúria de
Roma”. Mas é necessária, diz, “mudança de mentalidades e um processo de
transformação” para que a Igreja se veja “livre de preconceitos, dos estereótipos
e das discriminações sofridas pela mulher”.
E o P. Calado comenta: “ O Papa, não só concorda com
essa dignificação da mulher no seio da Igreja, como a está a promover ao
escolhê-las para ocupar cargos que, até agora, eram reservados aos clérigos”.
Então, poder-se-á perguntar: por que não avança para a ordenação de mulheres?
“Há ainda demasiadas resistências ao sacerdócio feminino numa instituição que,
durante dois milénios, foi completamente dominada por homens”. Mas o caminho do
Papa “no futuro, facilitará uma maior abertura à sua ordenação”.
Deixo-vos com a pergunta de Frei Bento Domingues:
“Em nome de quê, ou de quem, não podem as mulheres ser ordenadas?” (JN, 2/9/2018)
(12/9/2018)
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