MAIS DE MIL ANOS DE HISTÓRIA...
Antes de mais, um passeio pela história. Serve-nos de
guia o texto que o P. Pedro Gradim ofereceu ao Grupo Boa Memória, no passado
dia 23 de maio.
Um documento de 18/Março/1003 mostra que, há cerca
de 1015 ano, já existia um convento nas margens do rio Leça. Foi para ocupar
esse espaço, então em ruínas, que a Rainha D. Teresa, mãe do nosso primeiro
Rei, chamou a Ordem Soberana e Militar dos Religiosos Cavaleiros do Hospital de
São João de Jerusalém,
Esta Ordem foi criada na cidade de Jerusalém, em
meados do século XI, por alguns mercadores cristãos de Amalfi, Itália, a que se
juntaram outros, vindos de sete países, entre os quais Portugal. Fundaram uma
casa religiosa, sob a regra de São Bento, para recolha de peregrinos que,
rapidamente, se tronou numa Ordem Militar Cristã, com regra própria, para
assistir os peregrinos e defender a Terra Santa. Com este objetivo, levantou,
em Jerusalém, o primeiro hospital. Enfraquecida com a perda pelos cruzados dos
territórios da Palestina, a Ordem, depois de Chipre, ocupou a ilha de Rodes,
onde era soberana. Em 1530, o Imperador Carlos V ofereceu-lhes a ilha de Malta
para onde transferiram a sua sede. Começou a chamar-se “Ordem de Malta”. Os
Hospitalários formavam uma comunidade religiosa e uma ordem de cavalaria que
muito ajudou os reis portugueses a conquistar os territórios do Além- Mondego.
Foi a esta Ordem que Dona Teresa, no início do
século XII, com receio dos Árabes que se aproximavam, deu, em Leça do Balio, a
sua primeira casa capitular. Reconstruiram as ruínas do anterior Convento e
estabeleceram aí a sua sede. D. Afonso Henriques confirmou, em 1140, o gesto da
mãe e concedeu à ordem a “Carta de Couto” que incluía, para além de Leça do
Balio, as quatro freguesias vizinhas: Custóias, S. Mamede de Infesta, Gueifães
e Barreiros.
A igreja atual – magnífico templo gótico do séc. XIV
– foi mandada edificar por D. Frei Estevão Vasques Pimentel, entre 1306 e 1336,
para substituir o templo, de estilo românico, que já não correspondia à
importância da Ordem.
A sua monumentalidade impõe-na como “um dos mais notáveis
exemplares da nossa arquitetura guerreira-religiosa da Idade Média” .
No interior,
merecem atenção especial a “pia batismal” de Diogo Pires, o Moço e uma
placa de bronze, com motivos decorativos e epitáfio em caracteres leoneses.
Foi esta
igreja, escondida no vale do rio Leça, que o rei D. Fernando, para evitar
arruaças, escolheu para casar (15/5/1372) com D. Leonor Teles, “a aleivosa”, no
dizer de Fernão Lopes (Crónica de D. João I), e a quem Alexandre Herculano
chamou a “Lucrécia Bórgia portuguesa”
É bom sentar num banco e, no silêncio, respirar mais
de mil anos de história…
(25/7/2018)
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