FILOSOFIA DA SAUDADE
No
passado dia 19, recebi esta mensagem: “Vou estar en Porto e quero avisarte, por
se podemos vernos. Trátase dun Colóquio. Mándoche o programa. Andrés”.
Quem
é Andrés?
Presbítero
doutorado em teologia e em filosofia, é o criador duma multifacetada obra de
investigação teológica e de reflexão filosófica.
Era
um jovem professor de teologia do Seminário de Santiago quando, em 1970, o
apresentei a D. António Ferreira Gomes, “aquel obispo
valiente“ que enaltece no livro “Repensar a Teoloxia, Recuperar o
Cristianismo - Homenaxe a Andrés Torres Queiruga”. É professor jubilado da
Universidade de Santiago.
Nascido,
de pai pescador, em Aguiño, Andrés é filho dum povo que arrisca a vida no mar
da “Costa da Morte” com “longas ausências mortais” como dizia o poema de
Rosalia de Castro. Não admira, pois, que a saudade inspire sua filosofia. Dos
pais, recebeu o dom da fé, bem expresso no epitáfio que colocou no seu túmulo:
“xuntiños na terra xuntiños no ceo” e
na resposta que deu quando lhe perguntaram como conciliava a Fé com a busca
teológica: “Procuro manter a Fé de minha mãe”.
Não é por acaso que, na teologia, enfatiza o Deus-Amor que é Pai/Mãe, o “Abbá”
de Jesus. (cf. “Um teólogo com coração”- VP, 6/6/2012)
Que colóquio me anunciava?
No
programa constava: “Sobre a Saudade - VI
Colóquio Luso-Galaico – Homenagem a Andrés Torres Queiruga“, organizado
pelo Instituto de Filosofia Luso-Brasileira; Universidade do Porto, Centro
Português de Vigo, Universidade de Santiago, Universidade Católica Portuguesa,
Movimento Internacional Lusófono, Revista NOVA ÁGUIA.
Desenvolveu-se
em três cidades e oito painéis, num total de 14 comunicações.
Os
três primeiros ocorreram, em 24 de maio, em Lisboa com conferencistas de renome
como António Braz Teixeira
No
dia 25, no Centro Regional do Porto da U. C, decorreram os painéis IV, V, VI,
de que realço as conferências: “A universalização do tema da saudade no
pensamento de Andrés Torres Queiruga”, por Jorge Cunha; “Radicalização e
fronteira, o estatuto pré-ontológico da saudade: aproximação teológica à
filosofia da saudade de Andrés Torres Queiruga”, por José Pedro Angélico:
Em
Vigo, na tarde do dia 25, foi apresentado o VII painel. E, no dia seguinte, o
VIII, com, entre outros, os temas: “Sobre Andrés Torres Queiruga e a Saudade”;
“Filosofia e Saudade: a propósito de Andrés Torrres Queiruga”.
Magnífico
colóquio pela variedade e densidade temática e pela excelência dos
apresentadores. Uniu “dois povos irmãos que a história traz separados”.
Lembrou-me o “Movimento Nós” e, muito especialmente, Teixeira de Pascoaes que
dizia: “Temos de voltar a viver espiritualmente em comum”. Parabéns aos seus
organizadores e a Torres Queiruga, o filósofo que sabe conciliar a subtileza de
espírito com o “lirismo saudoso” que nos identifica.(30/5/2018)
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