A IGREJA DE FRANCISCO
Em 13 de março, dia em que se completavam 5 anos da
eleição do Papa Francisco, o JN publicou
o título que encima este artigo.
A autora, Paula Ferreira, começa por explicar que o Papa
Francisco é uma figura ímpar na Igreja e no Mundo não por ser “o primeiro papa
da América Latina” mas porque “nos últimos cinco anos, tem levado a Igreja às
pessoas, de braços abertos, sem ressentimentos, aos que mais precisam da
palavra, dum gesto, para iluminar as suas vidas. A Igreja do Papa Francisco
regressa ao princípio. Posiciona-se ao lado dos deserdados, dos caídos na
solidão extrema: os cidadãos em quem quase ninguém repara, aqueles a quem a
sociedade dá uma esmola e segue o seu caminho de consciência tranquila,
sensação de dever cumprido.” E o Papa fá-lo em contraponto com muito do passado
e ainda do presente: “A Igreja herdada por Francisco era também o espelho dessa
sociedade desigual, estratificada. E ainda é. A velocidade a que o velho jesuíta
(quem diria?) de Buenos Aires traz o mundo real para dentro do Vaticano é
demasiado célere. Ele é a voz, ele desassossega as consciências em relação aos
verdadeiros problemas que abalam a sociedade dos nossos dias”.
Enaltece a «encíclica ecológica»: “Perseguindo o bem
comum, pela mão do Papa, o Mundo teve acesso a um dos mais importantes
documentos sobre as alterações climáticas. A Laudato Si é um verdadeiro grito de alerta sobre o clima, a ameaça
para o Planeta e, uma vez mais, para a fragilidade dos mais pobres”.
Afirma que o Papa Francisco trouxe o Evangelho para
os gólgotas dos nossos dias. “Pela sua voz, ouve-se falar do horror do
dia-a-dia na Síria. Ele nos sacode sempre que mais um ser humano perde a vida
ao tentar atravessar o Mediterrâneo em busca da vida digna”.
E deixa-nos uma interrogação. “O papado de Francisco
cumpre o papel primordial de acolhimento do mais fraco, de denúncia da
desigualdade. Não basta a caridade, pretende mudar mentalidades. Um homem só,
porém, dificilmente consegue alterar a velha Igreja, por muito que a sua imagem
nos chegue refrescada. Há uma questão a carecer de resposta: o que de facto
mudou na Igreja com o papa da América Latina? Talvez pouco. Mas Francisco
retoma o pensamento de cristãos progressistas, de meados do século passado:
«uma civilização não tem que se preocupar em ser cristão, mas em ser livre e
justa», defendiam. Parece ser o caminho – e esta posição, num Papa, faz toda a
diferença.”
A propósito da nomeação D. Manuel Linda, o seu
diretor acrescentou “É deste Papa, que fala simples e nos propõe o retorno ao
essencial, o encontro com os outros, que o novo bispo do Porto acaba de receber
a bênção”. “É nas pegadas de Francisco que quer caminhar, «sair da sacristia», não ter medo de «meter os pés na lama e ir ao encontro das pessoas.” (25/3/2018)
(11/4/2018)
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