VENHO DA SERRA ALTA...
Há
dias, o P. Justino Lopes, pároco de Vila Nova de Paiva e colega de D. António
Francisco no seminário de Lamego, ofereceu-me, em 2ª edição de 2004, o livro A Aldeia, escrito pelo seu antecessor,
Padre Joaquim Rodrigues da Cunha, falecido em 1972.
Aquando
da primeira edição, em 1950, “O Século”
escreveu: “Lêem-se com enlevo os quarenta e cinco poemas de Rodrigues da Cunha
e reconhece-se como é forte e brilhante a personalidade deste poeta lírico que
na fé, no amor de Deus e da Terra, na ternura pelas coisas simples, nos vários
incidentes e figuras da vida rural encontra motivos de arte e de beleza”. E “O Comércio do Porto” dizia: “A ALDEIA é
como que uma mensagem de exaltação da vida mística, esse quadro bíblico onde
tudo exprime graça e singeleza”.
Em
“A Minha Homenagem”, o P. Justino enaltece o “Homem de letras que, consciente
do valor da comunicação oral e escrita, dedicou parte da sua vida pregando e
escrevendo” e acrescenta: ” Mestre Aquilino Ribeiro, seu grande amigo,
felicitou «o poeta inspirado e a sua musa tão bucólica como formosa». E
termina: “Aqui lhes abro, em 2ª edição, o livro «A ALDEIA» dum «poeta diurno, poeta de luz, de claridade e de
alegria» que deu à estampa enquanto paroquiou estas Terras de Deus”. Um
bem-haja, amigo, por este gesto de elogio ao seu antecessor. Não é frequente…
No
Prefácio desta edição, o Cónego J. Mendes de Castro, escritor e professor
ilustre, grande divulgador da obra do P. Rodrigues da Cunha, saudou o
“aparecimento de mais um livro dos que constituem o roteiro mais iluminado das
alturas onde viveu e descansa o insigne escritor”.
No
Prelúdio do livro, o autor começa por esclarecer: “Leitor, eu venho da serra
alta coroada de searas e despenhadeiros negros trazer-te a mensagem da beleza,
na religiosidade da paisagem, na estância florida e bucólica das lombadas, na
grandeza luminosa das almas simples, na candura da sua fé, na fereza das suas
lendas, no simbolismo de seus costumes, no colorido das suas romagens. É cristão
o meu poema”. Para depois continuar: “Pela beleza das coisas subirás à fonte da
Beleza transcendente. Oh, se tu visses os pôr de sóis na serra! Os fenos a
desdobrarem-se pelas encostas! O incenso das cavadas! O lavrador a escrever com
seu arado o poema sinfónico das leiras! Que simplicidade! E que grandeza! Ah,
se tu visses os giestais floridos!”
Dos
poemas, apenas uns versos do Hino ao
lavrador:
“Bendita seja a fadiga /Que faz do grão uma
espiga./ Louvado seja o Senhor! / Enxadas, forquilhas, arados, cantai. /
Sacholas, gadanhas e foices, cantai. / Louvado seja o Senhor!”
Ressonâncias
do Cântico de Daniel: “Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor. Louvai-O e
exaltai-O eternamente!” (3,57)
“Terras de Deus” ou “Terras do Demo”? A
resposta está no sentir e no olhar… (21/2/2018)
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