O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, novembro 15, 2017


O FUNDADOR DO "SEMINÁRIO DA SÉ"
 
Em 28 de setembro de 2011, escrevi na VP: “D. Manuel Clemente, na «Romagem à terra de D. António Barroso», recordou outro bispo do Porto que também fora missionário, D. João de França. Interroguei-me: - Que sei eu deste bispo? - Muito pouco. “

Uma assinante escreveu-me, então, num email: “Se quiser saber mais, conhece amigos que são seus familiares…”.
No passado dia 31, numa visita guiada ao Paço Episcopal, essa amiga, ao ver o quadro de D. João de França, disse: - “Era tio-avô da minha avó.” Indicou-me o local onde nascera e falou-me da homenagem que lhe foi prestada em Gondomar.
Dias depois, fui à procura da rua da Portelinha, (no antigo lugar da Azenha) em São Cosme. Encontrei a casa e li a placa que, em 09/11/2012, (fez há dias 5 anos) foi descerrada por D. Manuel Clemente, “comemorando os 150 anos da sua entrada na Sé do Porto”. Diz: “Em 19 de Março de 1804, nasceu nesta casa D. JOÃO DE FRANÇA CASTRO E MOURA. Missionário em Macau em 1825. Bispo de Pequim em 1841. Regressado a Portugal em 1857, é sagrado bispo do Porto em 1862. Faleceu em 16 de outubro de 1868.”

O livro “Os Retratos dos Bispos do Porto na coleção do Paço Episcopal” foi apresentado no dia 6 deste mês para cumprir a vontade de D. António Francisco que, com ele, queria assinalar os 163 anos do nascimento de D. António Barroso. A sua leitura permitiu-me conhecer melhor D. João de França.

Aos 16 anos, entrou para o seminário do Porto. Em 1823, ingressou na Congregação da Missão, em Lisboa, tendo, em 1825, partido para Macau onde continuou a sua formação no colégio de S. José. Aqui veio a celebrar a sua primeira missa, em 1830, depois de passar pelas Filipinas onde se ordenou. Em agosto desse ano, partiu para a China. Devido a perseguições locais, teve de refugiar-se em Xangai. Foi nomeado vigário-geral de Nanquim onde apanhou o paludismo, passando a residir em Pequim de que, em 1838, se tornou governador. Em 1840, Gregório XVI nomeou-o administrador apostólico de Pequim. Em 1841, foi eleito bispo de Pequim mas não chegou a ser sagrado. Em 1847, voltou para Macau e ainda rumou a Timor aonde chegou em 1850. Regressado a Portugal, foi nomeado bispo do Porto em 1862, onde visitou quase toda a diocese e fundou o seminário diocesano no antigo colégio de S. Lourenço no ano letivo de 1862-1863. Na “Câmara dos Pares”, opôs-se frontalmente ao poder do Estado no provimento dos benefícios eclesiásticos. Em 1867, foi agraciado pelo papa Pio IX com o título de “prelado assistente ao Sólio Pontifício”

D. João de França será lembrado “pela sua larga folha de serviços nas missões do Oriente, pelo seu alevantado patriotismo e pela integridade do seu carácter”.

Concluindo…Não sabia, mas agora fiquei a saber…. E, na origem, tenho de agradecer a D. António Barroso.

(15/11/2017)