ECOS DUMA ENTREVISTA
Por estes dias, Campanhã veste-se de gala para
celebrar a sua padroeira. Festa antiga que faz regressar à sua velha igreja os
Campanhenses que a vida levou para longe. Os mais idosos lembram a infância
quando seus pais os levavam à Missa da Festa e voltavam com uma melancia
debaixo do braço… Festa grande do Porto rural marcava o ciclo dos trabalhos
agrícolas em fins de verão. Dizia-se: “Com a Senhora de Campanhã acabam as
sestas e as merendas”. Campanhã era, então, terra de grandes quintas. Basta
nomear as do Freixo, Revolta, Vilar Allen, China, Bonjóia, Lameira, Vila Meã,
Bela Vista, Mitra. Terra de grande produção cerealífera e com muitos moinhos
nos rios Rinto e Torto, como, este ano, bem realçou a rusga representativa de
Campanhã, organizada pela Associação Cultural e Desportiva do Bairro do Falcão,
vencedora do concurso das rusgas sanjoaninas do Porto: ”Destacou o papel da freguesia como principal produtora de farinha para
o pão na cidade do Porto, evocou os seus moleiros e agricultores, num desfile
que envolveu 230 elementos e onde não faltou um moinho e até um forno de pão.”
Hoje, continua a ser habitada por gente de bem mas
que, na sua maioria, veio de fora da freguesia: do centro da cidade e do interior
do país. Os bairros ocuparam os espaços agrícolas: Falcão, Alto da Bela, Cerco
do Porto, S. Roque da Lameira, Machado Vaz, Lagarteiro, S. João de Deus, Pio
XII, Contumil, entre outros. Apesar das novas geografias, mantém muito do seu
cariz rural.
Sinal destes novos tempos é a entrevista que o
pároco atual, cónego Fernando Milheiro, deu ao “Etc E Tal Jornal”, jornal digital com muitos milhares de leitores,
publicada no dia 1 de junho deste ano. Limito-me a destacar algumas das suas
ideias.
Começa por se apresentar como alguém que assume uma história familiar e
pessoal de compromisso na sociedade e na Igreja. Lembra o tempo em que serviu
os seminários e afirma que o Seminário Maior é o seminário propriamente dito.
Os outros têm por finalidade testar qualidades humanas tais como a capacidade
de convivência, de verdade, de trabalho, de dedicação e serviço e de
inteligência. Quem se revelar egoísta, a pensar apenas no seu triunfo, é
aconselhado a seguir outros caminhos. A propósito da comunicação social, ele
que foi diretor da Voz Portucalense, afirma que a Igreja só deseja que os
órgãos de comunicação estejam ao serviço da verdade. Como pároco de Campanhã,
lamenta que, para a política camarária, o Porto “vá da Batalha até à Foz”. O
nordeste da cidade tem sido esquecido. E sorri ao vislumbrar sinais de mudança…
Que se concretizem, deseja…
Vale a pena ouvir na íntegra esta entrevista “sem
papas na língua”. Para isso, basta ir a www.etcetaljornal.pt,
abrir em “Rubricas”, clicar e procurar em “Convidado”.
(6/9/2017)
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