O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, setembro 06, 2017


ECOS DUMA ENTREVISTA


Por estes dias, Campanhã veste-se de gala para celebrar a sua padroeira. Festa antiga que faz regressar à sua velha igreja os Campanhenses que a vida levou para longe. Os mais idosos lembram a infância quando seus pais os levavam à Missa da Festa e voltavam com uma melancia debaixo do braço… Festa grande do Porto rural marcava o ciclo dos trabalhos agrícolas em fins de verão. Dizia-se: “Com a Senhora de Campanhã acabam as sestas e as merendas”. Campanhã era, então, terra de grandes quintas. Basta nomear as do Freixo, Revolta, Vilar Allen, China, Bonjóia, Lameira, Vila Meã, Bela Vista, Mitra. Terra de grande produção cerealífera e com muitos moinhos nos rios Rinto e Torto, como, este ano, bem realçou a rusga representativa de Campanhã, organizada pela Associação Cultural e Desportiva do Bairro do Falcão, vencedora do concurso das rusgas sanjoaninas do Porto: ”Destacou o papel da freguesia como principal produtora de farinha para o pão na cidade do Porto, evocou os seus moleiros e agricultores, num desfile que envolveu 230 elementos e onde não faltou um moinho e até um forno de pão.”

Hoje, continua a ser habitada por gente de bem mas que, na sua maioria, veio de fora da freguesia: do centro da cidade e do interior do país. Os bairros ocuparam os espaços agrícolas: Falcão, Alto da Bela, Cerco do Porto, S. Roque da Lameira, Machado Vaz, Lagarteiro, S. João de Deus, Pio XII, Contumil, entre outros. Apesar das novas geografias, mantém muito do seu cariz rural.

Sinal destes novos tempos é a entrevista que o pároco atual, cónego Fernando Milheiro, deu ao “Etc E Tal Jornal”, jornal digital com muitos milhares de leitores, publicada no dia 1 de junho deste ano. Limito-me a destacar algumas das suas ideias.
     Começa por se apresentar como alguém que assume uma história familiar e pessoal de compromisso na sociedade e na Igreja. Lembra o tempo em que serviu os seminários e afirma que o Seminário Maior é o seminário propriamente dito. Os outros têm por finalidade testar qualidades humanas tais como a capacidade de convivência, de verdade, de trabalho, de dedicação e serviço e de inteligência. Quem se revelar egoísta, a pensar apenas no seu triunfo, é aconselhado a seguir outros caminhos. A propósito da comunicação social, ele que foi diretor da Voz Portucalense, afirma que a Igreja só deseja que os órgãos de comunicação estejam ao serviço da verdade. Como pároco de Campanhã, lamenta que, para a política camarária, o Porto “vá da Batalha até à Foz”. O nordeste da cidade tem sido esquecido. E sorri ao vislumbrar sinais de mudança… Que se concretizem, deseja…

Vale a pena ouvir na íntegra esta entrevista “sem papas na língua”. Para isso, basta ir a www.etcetaljornal.pt, abrir em “Rubricas”, clicar e procurar em “Convidado”.

(6/9/2017)