O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, setembro 13, 2017


 CHEIO -CHEO-LLENO


Praia das Catedrais - junto a Ribadeo
 
Neste verão, nas “Rias Altas” da Galiza”, parei para meter gasolina. A funcionária que me atendeu perguntou: - Lleno?  Ao que retorqui: - Como se diz em galego? - Cheo, respondeu. - Muito parecido com o português “cheio”, acrescentei. Quando lhe disse que era do Porto, os olhos sorriram: - Já estive lá e gostei muito do rio e da ponte!

 
Num pequeno bar do Parque Natural “Fragas do Eume”, a menina que nos serviu, ao aperceber-se donde éramos, confessou: - Já lá fui. Fiquei na rua José Falcão para ir à Livraria Lelo. Quero lá voltar.
Parque Natural das Fragas Eume - junto a Pontedeume

E, coisa maravilhosa, lá bem no fundo de “uma das florestas atlânticas ribeirinhas melhor conservadas da Europa”, senti-me em casa. Como o turismo aproxima os povos!

A esse propósito, faço-me eco do artigo “Turismo Sustentável” publicado na Voz do Trabalho, Julho/Agosto 2017.

 Começa por afirmar que a declaração da ONU sobre “2017 - Ano Internacional do Turismo”, assenta em três pilares fundamentais: económico, social e ambiental.” Procura implementar um “desenvolvimento harmónico, através da promoção de uma melhor compreensão entre os povos de todo o mundo, bem como conduzindo à consciencialização sobre a diversidade e riqueza patrimonial das diversas civilizações.”

E sublinha “quatro aspetos me parecem cruciais para a conceção de um turismo sustentável: uma nova conceção económica, mais solidária; a valorização e promoção social e cultural de cada comunidade de acolhimento; um autêntico diálogo humano, mais fraterno; e o respeito pelo meio ambiente, associado ao incremento de um turismo ecológico.”

 Termina com um apelo: “O que temos de mais genuíno é sempre o que melhor podemos oferecer, seja do ponto de vista social, cultural ou ambiental. Que também entre nós o turismo seja realmente sustentável e promotor de um autêntico desenvolvimento humano”.

Mais importante que o nosso património - sem dúvida, valioso – é, na diversidade das tradições, a nossa identidade como povo. A simpatia não implica alienação! Bem pelo contrário…Respeitemo-nos e respeitemos quem nos visita. O lucro e a tão propalada criatividade não justificam tudo…

Como escreveu Seixas da Costa (JN,1/9/2017): “Há que tentar evitar o gato por lebre que por aí anda. Deixar sem denúncia oficial que nada há de típico no pastel de bacalhau com queijo da serra é a porta aberta a que, um destes dias, possa surgir alguém a vender que bom, bom é o pudim abade de Priscos lardeado com tripas à moda do Porto…” Haja seriedade!

Claro… Como sempre, não há rosas sem espinhos: pressão imobiliária, casas e alugueres caros, trânsito caótico, ruas apinhadas, restaurantes e cafés superlotados…

Saibamos aproveitar benefícios e atenuar malefícios… Como diz a máxima popular, não se pode ter “sol na eira e chuva no nabal”…

(13/9/2017)