CHEIO -CHEO-LLENO
Praia das Catedrais - junto a Ribadeo
Neste verão, nas “Rias Altas” da Galiza”, parei para
meter gasolina. A funcionária que me atendeu perguntou: - Lleno? Ao que retorqui: - Como se diz em galego? -
Cheo, respondeu. - Muito parecido com o português “cheio”, acrescentei. Quando
lhe disse que era do Porto, os olhos sorriram: - Já estive lá e gostei muito do
rio e da ponte!
Num pequeno bar do Parque Natural “Fragas do Eume”,
a menina que nos serviu, ao aperceber-se donde éramos, confessou: - Já lá fui.
Fiquei na rua José Falcão para ir à Livraria Lelo. Quero lá voltar.
E, coisa maravilhosa, lá bem no fundo de “uma das
florestas atlânticas ribeirinhas melhor conservadas da Europa”, senti-me em
casa. Como o turismo aproxima os povos!
A esse propósito, faço-me eco do artigo “Turismo
Sustentável” publicado na Voz do Trabalho,
Julho/Agosto 2017.
Começa por
afirmar que a declaração da ONU sobre “2017 - Ano Internacional do Turismo”, assenta
em três pilares fundamentais: económico, social e ambiental.” Procura
implementar um “desenvolvimento harmónico, através da promoção de uma melhor
compreensão entre os povos de todo o mundo, bem como conduzindo à
consciencialização sobre a diversidade e riqueza patrimonial das diversas
civilizações.”
E sublinha “quatro aspetos me parecem cruciais para
a conceção de um turismo sustentável: uma nova conceção económica, mais
solidária; a valorização e promoção social e cultural de cada comunidade de acolhimento;
um autêntico diálogo humano, mais fraterno; e o respeito pelo meio ambiente,
associado ao incremento de um turismo ecológico.”
Termina com
um apelo: “O que temos de mais genuíno é sempre o que melhor podemos oferecer,
seja do ponto de vista social, cultural ou ambiental. Que também entre nós o
turismo seja realmente sustentável e promotor de um autêntico desenvolvimento
humano”.
Mais importante que o nosso património - sem dúvida,
valioso – é, na diversidade das tradições, a nossa identidade como povo. A
simpatia não implica alienação! Bem pelo contrário…Respeitemo-nos e respeitemos
quem nos visita. O lucro e a tão propalada criatividade não justificam tudo…
Como escreveu Seixas da Costa (JN,1/9/2017): “Há que tentar evitar o gato por lebre que por aí
anda. Deixar sem denúncia oficial que nada há de típico no pastel de bacalhau
com queijo da serra é a porta aberta a que, um destes dias, possa surgir alguém
a vender que bom, bom é o pudim abade de Priscos lardeado com tripas à moda do
Porto…” Haja seriedade!
Claro… Como sempre, não há rosas sem espinhos:
pressão imobiliária, casas e alugueres caros, trânsito caótico, ruas apinhadas,
restaurantes e cafés superlotados…
Saibamos aproveitar benefícios e atenuar malefícios…
Como diz a máxima popular, não se pode ter “sol na eira e chuva no nabal”…
(13/9/2017)
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