AINDA PORTUGAL NÃO ERA...
São Martinho de
Mondonhedo
Ao viajar pelo norte da Galiza, fui conhecer a basílica de
São Martinho de Mondonhedo. É
considerada “a catedral mais antiga de
Espanha”. Ao chegar, deparei-me com uma placa que me surpreendeu: “Foi sede
episcopal. Para descobrir as origens de S. Martinho, devemos remontar ao século
IX. No ano de 870, o bispo de S. Martinho de Dume viu-se obrigado a fugir, com
alguns monges, das invasões árabes que debastavam o seu território. Deste
jeito, a Sé Dumiense encontrou continuidade em São Martinho. Chegaram a passar
por esta Sé 15 bispos, entre os quais S. Rosendo. Em 1112, a rainha Urraca
trasladou a Sé para a Vila Maior de Brea que adotou nome da antiga Mondonhedo.”
Catedral de Mondonhedo
Curioso, logo que cheguei ao Porto, pedi ajuda à
Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura que me confirmou e ampliou aquela
informação: “Com a invasão árabe, o bispo-abade de Dume teve que refugiar-se em
Mondonhedo, sendo S. Rosendo o 1º bispo cuja residência aqui está
historicamente provada. (…) O bispo de Mondonhedo continua a considerar-se
ainda hoje o sucessor do bispo dumiense”.
Sobre S. Rosendo diz: “Bispo de Mondonhedo (Santo Tirso, 907
- Celanova, 1.1.977). Ocupou-se ativamente da restauração monástica na Galiza e
em Portugal”. Entre os mosteiros que criou ou reformou, indica o de Caaveiro,
que visitei nesta viagem,
onde se expõe uma alba que, segundo a tradição, terá pertencido a S. Rosendo.
Também aí encontrei uma placa que dizia: “O mosteiro
ergue-se no meio da solitária e impressionante paisagem das «Fragas do Eume».
Mosteiro de Caaveiro
Foi fundado como mosteiro beneditino por S. Rosendo no ano de 936“. Seria um
dos seus lugares de retiro… Sob a copa de carvalhos e castanheiros ao som das
águas dos rios Eume e Sesin, como sabe bem meditar…
Parque das Fragas do Eume
Que belo programa, cultural e espiritual, para mergulhar nas
raízes cristãs que unem dois povos que a história traz separados…
Nascente do rio Minho em Pedregal de Irimia - "O Minho não Separa..."
Lembro que Portugal nasceu como Reino, em 1143, pelo Tratado
de Zamora – fez no passado dia cinco, 874 anos. E foi o Tratado de Alcanizes,
assinado pelos reis de Castela e Portugal, que, em 1297, fixou definitivamente
as fronteiras entre Galiza e Portugal. Os soberanos decidiram e os povos
tiveram que aceitar. Separados mas não desavindos… E cada vez mais se estimam…
porque cada vez se conhecem melhor. Ninguém ama o que não conhece…
(11/10/2017)
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