O Tanoeiro da Ribeira

quinta-feira, setembro 21, 2017

 
PAPA DO SORRISO
 
O sorriso que iluminava o rosto de D. António Francisco durante a peregrinação diocesana a Fátima trouxe-me à mente a coletânea “Os Papas e Fátima”, de que destaco “João Paulo I – O encontro com a irmã Lúcia”- que fala de quem “ficou conhecido como o Papa do Sorriso”.

Nasceu no norte de Itália. Durante a Guerra, com o pai emigrado na Suíça, chegou a passar fome. Ordenado presbítero em 1935, “ tinha problemas de saúde e achava que não tinha uma voz forte para desempenhar a missão episcopal”. Foi nomeado bispo de Veneto e, depois, patriarca de Veneza. Distinguiu-se “pela simplicidade com que andava nas ruas, o que lhe permitia o contacto próximo com as pessoas”.

Eleito papa, escolheu um nome composto para homenagear os seus dois antecessores, reconhecendo, embora, que não tinha a sabedoria de coração de um nem a preparação e a cultura do outro. “No momento em que foi apresentado na varanda de S. Pedro, pretendeu falar à multidão. Mas o protocolo não lho permitiu”. Aboliu o plural majestático (nós) nos seus discursos, falando sempre na primeira pessoa do singular (eu), e recusou ser coroado com a tiara papal.

Num Angelus, disse: “Sabemos que Deus tem os olhos sempre abertos para nos ver, mesmo quando parece que é noite. Ele é papá, mais ainda, é mãe!”

A ternura envolve-o na grande devoção a Nossa Senhora, como explicitou no início do seu pontificado: “Iniciamos o serviço apostólico, invocando como estrela esplendorosa da nossa caminhada a Mãe Deus, Maria, que a Liturgia venera de modo especial neste mês de Setembro. A Virgem Santíssima, que guiou com delicada ternura a nossa vida de criança, de seminarista, de sacerdote e de bispo continue a iluminar e a dirigir os nossos passos, para que, feito voz de Pedro, com os olhos e a mente fixos no seu Filho, Jesus, proclamemos no mundo, com jubilosa firmeza, a nossa profissão de fé. «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo» (Mt. 16,16). Amen”.

Foi este amor a Maria que, quando cardeal, o trouxera a Fátima, de modo muito discreto, merecendo “apenas, uma breve referência na Voz de Fátima”. Nessa altura, deslocou-se ao Carmelo de Coimbra onde falou com a Irmã Lúcia.

A sua debilidade física aguentou o ministério episcopal mas sucumbiu face às exigências do múnus pontifício.

Também o coração de D. António Francisco, o nosso bispo, soçobrou sob o peso dos “cuidados pastorais”. Dou graças a Deus pela sua dádiva à Igreja do Porto e pelo sorriso que a todos acolhia, com uma ternura muito especial para as crianças e os mais frágeis.

“Um homem bom. “ (JN, 12/9/2017)

“Que ele, junto do Pai, interceda por nós”, assim pediu D. António Taipa na Sé Catedral. E nós também …

“Por onde passava cativava a população pela sua afabilidade”.

( 20/9/2017)