HÁ GESTOS BONITOS…
Hoje, quero partilhar convosco dois desses gestos. O
primeiro descobri-o na Monografia - 2017
“Baguim do Monte – a Terra e as Gentes”, editada pela Junta de Freguesia.
Nela, as autoras, Fátima Silva e Olga Castro, realçam o papel da Igreja como
pioneira e catalisadora da identidade local. Fazem-no, logo no capítulo “Passo
a passo… A autonomia”, quando afirmam: “Apesar de ligada administrativamente e
religiosamente a Rio Tinto, já há muito que a capela de Baguim cumpria missões
que, em geral, pertencem às igrejas.” E apresentam, com fotografias, os três
párocos da jovem paróquia criada em 6 de junho de 1964, lembrando que os dois
primeiros deram nome a dois arruamentos da freguesia: P. Camilo Bessa e P.
António Borges. Este, “que orientou por cerca de 40 anos os destinos da
paróquia”, foi a primeira “figura de Baguim” a ser condecorada com a Medalha de
Honra pela Junta de Freguesia. A paróquia mereceu igual distinção, em 2014. É de
salientar que, até hoje, apenas foram atribuídas três medalhas de honra, sendo
duas dedicadas à Igreja. As autoras deram também grande relevo ao Centro Social
e Paroquial de Baguim do Monte que “nasceu do sonho de um homem, de um pároco,
António Borges…” E não esqueceram o pároco atual, P. Lucindo, de quem
transcrevem “extratos de uma entrevista dada em 2011”.
O segundo gesto respiguei-o duma carta enviada por
uma paróquia ao antigo pároco que dizia: “A Comissão… deliberou por unanimidade
levar ao seu conhecimento o teor integral da sua acta n.º 93.
«Atendendo a que - a todo o trabalhador por conta de
outrem é obrigatório o pagamento do 13.º mês e um subsídio de férias; - a nova
organização económica da paróquia funciona há vários anos; - mercê dessa organização,
a Paróquia tem amealhado, neste momento, uma assinalável quantia; - sem essa
organização, essa verba poderia não existir; - o pároco viveu sempre com um
ordenado ridículo; - só de há três anos para esta parte lhe foi concedido o
chamado 13º mês; - nunca lhe foi concedida qualquer verba, a título de subsídio
de férias, a fim de poder custear as despesas com as suas idas, todos os anos,
para umas termas; - chegou a deslocar-se dessas termas, a esta paróquia, apenas
a expensas suas, por não se conseguir sacerdote para celebrar determinadas
Missas:
- Propomos que lhe seja concedida uma gratificação
que de certo modo compense a perda do 13º mês e a perda dum subsídio de
férias.”
E a carta,
assinada também pelo novo pároco, terminava com um «Muito obrigado».
Quando alguns meios de comunicação social procuram
expandir até á exaustão possíveis conflitos paroquiais, importa que gestos como
estes sejam valorizados e conhecidos. Significam memória, reconhecimento,
gratidão.
Só assim, a Igreja será “fermento de esperança”. (24/1/2018)
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