Homem do silêncio...
Há
dias, em Ermesinde, fui surpreendido pela “Rua Monsenhor Miguel Sampaio”. Esta feliz
descoberta fez-me recuar a 1951, o meu primeiro ano no Colégio de Ermesinde. Tempos
duros. Crianças com saudades da terra, faltava-nos o aconchego do lar… Não
havia carinho. Éramos tratados com muita frieza, exceção feita ao diretor, P.
Miguel. Não mais esqueço as amêndoas que me deu na Páscoa. Ainda hoje me sabem
bem…
Voltei
a encontrá-lo, em 1960, já reitor do Seminário da Sé. A mesma humanidade que aliava
a distinção no trato à afabilidade na convivência. Fez do Seminário Maior um
espaço de diálogo e de confiança.
Para
despertar nos alunos a preocupação pelos pobres, abriu a igreja de S. Lourenço
(dos Grilos) aos moradores do bairro da Sé, um viveiro de gente esquecida. Para
além da catequese, organizou cursos para jovens e disponibilizou uma sala de
convívio para adultos. Criou um parque infantil. Patrocinou colónias de férias.
Apoiou a Conferência de S. Vicente de Paulo. Tudo com a colaboração dos seminaristas
a quem confiava a coordenação. Como dizia: “Não se pode educar para a responsabilidade
se não se educa para a liberdade”.
“Homem
do silêncio” lhe chamou o P. Carneiro Azevedo, no artigo que escreveu aquando
da sua morte e de que respiguei algumas notas.
“Nasceu em Santo Adrião de Vizela, a 17 de Abril de 1910 e foi ordenado presbítero na Catedral do Porto, em Outubro de 1932.
De professor no Colégio de Ermesinde, passou para o Seminário de Trancoso de que foi vice-reitor. Em 1947, voltou, como diretor, ao colégio e seminário de Ermesinde, cargo que exerceu até 1960.
Foi este o período áureo da ação do padre Miguel Sampaio que se traduziu na reestruturação da vida do Colégio. E, ainda, criou uma espécie de sopa para os pobres. Amigo do Padre Américo, contribuiu para a construção de dois núcleos de casas, a expensas do Colégio, entregues ao "Património dos Pobres".
“Nasceu em Santo Adrião de Vizela, a 17 de Abril de 1910 e foi ordenado presbítero na Catedral do Porto, em Outubro de 1932.
De professor no Colégio de Ermesinde, passou para o Seminário de Trancoso de que foi vice-reitor. Em 1947, voltou, como diretor, ao colégio e seminário de Ermesinde, cargo que exerceu até 1960.
Foi este o período áureo da ação do padre Miguel Sampaio que se traduziu na reestruturação da vida do Colégio. E, ainda, criou uma espécie de sopa para os pobres. Amigo do Padre Américo, contribuiu para a construção de dois núcleos de casas, a expensas do Colégio, entregues ao "Património dos Pobres".
Profundamente
bondoso, a prática de caridade refletia-se na maneira como recebia,
indistintamente, todas as pessoas que solicitavam a sua ajuda de carácter
material ou espiritual.
Embora lhe custasse muito o sacrifico da obediência, pela sua ligação ao Colégio e ao povo de Ermesinde, teve de aceitar, em 1960, a nomeação para reitor do Seminário Maior do Porto. Visitou seminários no estrangeiro para assimilar o que tinham de mais válido e adaptável na formação moral e intelectual dos seminaristas do Porto.”
Embora lhe custasse muito o sacrifico da obediência, pela sua ligação ao Colégio e ao povo de Ermesinde, teve de aceitar, em 1960, a nomeação para reitor do Seminário Maior do Porto. Visitou seminários no estrangeiro para assimilar o que tinham de mais válido e adaptável na formação moral e intelectual dos seminaristas do Porto.”
E terminava:
“Partiu para Deus um grande homem, verdadeiro ornamento do clero da Diocese,
credor de imensa gratidão”.
Nas exéquias na Sé Catedral, presididas por D.
Armindo, concelebraram 70 presbíteros, os três bispos auxiliares e D. Manuel
Martins. A rua de Ermesinde perpetua a sua memória.
Não
se agradecem amêndoas em mantos de silêncio…Muito obrigado. (28/2/2018)
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home