COINCIDÊNCIAS...
Com
este título, publiquei um texto, em 5 de março de 2014, a propósito da nomeação
de D. António Francisco para bispo do Porto, dando nota da boa impressão que me
tinha ficado dum encontro fortuito em 2007.
O
mesmo acontece agora. Foi há muitos anos.
Em
1994, meu filho João participou em Vilar de Perdizes num “Campo de Trabalho” organizado
pelo P. António Fontes com a colaboração do seminarista Heitor Antunes. No ano
seguinte, ordenado presbítero, o P. Heitor convidou-nos para a “Missa Nova” na
igreja de Mourilhe. O almoço foi servido ao ar livre. No seu início, entabulei
conversa com o companheiro de mesa. Quando soube que éramos do Porto, disse-me
que dava aulas na faculdade de Teologia e se chamava Manuel Linda. Foi longa,
muito longa a nossa conversa… Começámos por falar de teologia e logo surgiu a
década de sessenta e seus contrastes. Época de grande fecundidade teológica com
uma plêiade de teólogos que muito influenciou os trabalhos do Concílio: Rahner, Congar, Chenu, de Lubac, Jean Daniélou, Schillebeeckx,
Hans Küng, Metz, von Balthasar, Ratzinger, o futuro Bento XVI. Mas, apesar
disso, continuávamos a estudar pelos velhos compêndios, muitos deles em latim. Lembro
o entusiasmo com que mandei vir de Espanha o “Vocabulario de Teologia Bíblica”
de X. Léon Dufour. Acabado o curso, o velho tratado de Noldin foi suplantado
pela “Lei de Cristo” de Häring, e o compêndio de Tanquerey silenciado pelos
documentos conciliares que iam saindo, apoiados por livros que chegavam de
Espanha, de que lembro “Conceptos Fundamentales
de la Teologia”.
Porque
estávamos em terra fronteiriça, veio à baila a relação Portugal - Galiza. Falei-lhe
dos meus amigos galegos que D. António recebera na sua casa em Milhundes, na
Páscoa de 1970 e com quem teve uma longa conversa sobre a enculturação do
cristianismo na alma galega. Mostrou-se surpreendido e muito interessado.
Falámos de D. António que ambos admirávamos e também de Torres Queiruga que
fazia parte do grupo mencionado. Aproveitei a oportunidade para lhe falar do
desejo que este teólogo tinha de publicar artigos em português, na revista
galega “Encrucillada” que fundara e dirigia.
Sensibilizou-me
a simpatia do seu acolhimento e a generosidade da sua atenção. Ficou-me a
abrangência das suas análises e a coragem das suas afirmações.
Simplicidade
no ser, clareza no pensar, bom senso e determinação no agir são qualidades que
vi confirmadas por amigos comuns, como aconteceu na última viagem que fiz a
Terras do Barroso.
Como
em 2014, concluo: “Coincidências…Sinais que abrem caminhos de Esperança”.
D.
Manuel, seja bem-vindo e só desejo que se faça realidade o ideal que deixou bem
claro na primeira mensagem que dirigiu à Diocese:
“Procurarei reconduzir a
Igreja a uma tal simplicidade evangélica que a constitua referencial ético para
o mundo atual.” (28/3/2018)
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