O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, abril 18, 2018

TEMOS MÃE, TEMOS MARIA


 

Este foi o tema levado à cena na Associação Católica do Porto, rua Passos Manuel, 54, no dia da “Anunciação do Senhor”.

O texto que enriquecia o cartaz-convite dizia: “A Anunciação do Senhor  é, na Bíblia, um dos momentos raros de diálogo entre o Céu e a Terra. O Anjo Gabriel vem da parte de Deus propor a Maria que aceite ser Mãe do Messias prometido. Uma Mulher é chamada a responder a Deus e diz “Sim”, colocando-se como serva do Senhor, enquanto José apresenta as razões para outra resposta. Este conflito foi posto em teatro por Castro Guedes. Trata-se do maior acontecimento da humanidade, a grande "revolução": Deus veio habitar na terra dos homens, fez-Se nosso irmão  e foi uma mulher quem acolheu esta proposta! A representação de Daniela Jesus e Miguel Branca exprimem ”a luta” entre Maria e José, e o canto com harpa de João Carlos Soares exprime o que Deus na Bíblia foi dizendo à humanidade.”

Foi uma assembleia, em comunhão, que assistiu ao desenrolar dos diversos quadros. O primeiro – FÉ- começa por apresentar José, um crente tranquilo, seguro da tradição do seu povo, que, ao ver a inquietação de Maria, lhe pergunta: - “Que te traz agitada? Que procuras?” Maria, uma crente, aberta a novas vivências a quem o futuro preocupa, confessa: - “Sinto inquietação.” É um diálogo carregado de ternura que nos envolve numa atmosfera quase mística, acentuada pela presença de Gabriel que, num primeiro momento, dedilha a harpa “apenas com música, sonoridades e vocalizos sem formar palavras.” Para num segundo momento, sobrepor palavras à música: “O impossível se faz possível/Ao Senhor nada é impossível.” Maria perturba-se. José preocupa-se e pergunta-lhe:-“Medo! Medo de quê? Somos fiéis à tradição. E cumprimos com os dinheiros para o Templo…” Maria responde: - “Olhei a madrugada e era bela, mas vi o pôr-do-sol e me assustei!”

No segundo – ESPERANÇA- sobressai o diálogo de Maria com Gabriel que, em vez de palavras, dedilha a harpa. O que leva Maria a perguntar: - “Que movimentos são esses que ondeiam no ar produzindo uma melodia que desconheço, mas me é familiar?” – “É a Música celeste que te fala”, responde o Anjo. -“Que me anuncias?” - “Trago-te a Verdade que em teu ventre se gerará” responde o Anjo em voz Off

O terceiro - CARIDADE- traz-nos as angústias de José que dialoga “consigo mesmo. Como em espelho”. E de Maria que se desdobra num diálogo introspetivo e sofre. -“Ai se eu te pudesse dizer, José.”. São diálogos que nos mostram como, mesmo em sofrimento, é grande o carinho que os une. Para concluir: “A Esperança é filha da Fé.”, diz José - “E tem uma irmã chamada Caridade”, acrescenta Maria.

Amigo leitor, aproveite a sessão do dia 22 às 17 horas, no mesmo local. E sentirá a doçura das amêndoas pascais… (8/4/2018)