TERRORISMO DE SACRISTIA
Desculpem
a violência do título. Hesitei. Impeliram-me as palavras do Santo Padre. Eu
conto.
Há
dias, meu amigo Zé Miguel enviou-me, por correio eletrónico, um vídeo onde se vê
o Papa Francisco a falar com jovens, em Roma, no dia 19 de março.
O
Papa, com o humor que lhe conhecemos, começa por contar “uma piada sobre uma
fofoqueira”.
“Um
cardeal simpático me contou que conheceu um sacerdote com um grande senso de
humor que tinha na paróquia uma mulher muito fofoqueira que falava de todos e
de tudo e vivia tão perto da igreja que, da janela do seu quarto, podia ver o
altar. A senhora ia à Missa todos os dias e, depois, passava as outras horas do
dia andando pela paróquia, falando dos outros. Um dia, ela ficou doente e ligou
para o sacerdote para dizer: “Estou de cama com uma gripe muito forte. Por
favor, você pode trazer a comunhão para mim?”. O sacerdote respondeu: “Não se
preocupe. Com a língua grande que você tem, da sua janela você consegue chegar
ao tabernáculo”. O Santo Padre sorriu e ouviram-se risos na sala.
E
o Papa continuou, já com um ar mais sério, enquanto na sala os risos se iam
progressivamente apagando…
“Mas, diga-me, em uma paróquia onde os fiéis
fofocam todo o dia contra todos e contra o sacerdote, o pobre sacerdote está
sozinho e sem o testemunho de Cristo na comunidade”.
O
rosto do Papa vai-se tornando cada vez mais sombrio… E explica:
“Menciono
o tema da fofoca porque, para mim, é uma das coisas mais feias nas comunidades
cristãs”. Suspende a palavra para enfatizar: “Sabiam que a fofoca é
terrorismo?” Com o semblante, já muito carregado, insiste: “A fofoca é um
terrorismo?”
E
com muita firmeza na voz e gravidade no rosto, responde:
“Sim,
porque um fofoqueiro faz a mesma coisa que um terrorista: aproxima-se, fala com
a pessoa, joga a bomba da fofoca, destrói e vai-se embora.”
A
denúncia dos mexeriqueiros é uma preocupação permanente do nosso Papa. Noutras
ocasiões, chama-lhe hipócritas até porque, por vezes, essas línguas viperíneas
são das mais enfronhadas nos serviços da Igreja.
Face
às suas palavras, três atitudes são possíveis:
A
primeira é de indiferença, não ligar importância e esquecer que ele é o nosso
Pai na Fé.
A
segunda é olhar à volta e começar a murmurar - Olha fulano… é isto mesmo. E
beltrana, ela é que devia ouvir estas palavras…
A
terceira é parar para pensar: Não terei eu alimentado a coscuvilhice, falando
ou ouvindo? Se dizer mexericos é mau, ouvi-los não é melhor, mesmo quando
fazemos um ar de piedoso espanto… Qual vai ser a minha?
(Nota: O “Dicionário Houaiss” enumera 74
sinónimos de mexerico, tais como alcovitice, bisbilhotice, boato, chocalhice,
coscuvilhice, dito, diz-que-disse, enredo, falatório, fofoca, indiscrição, intriga,
lambança, maledicência, murmuração, novidade, onzenice, pauzinhos, tramoia,
trica…)
(16/5/2018
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