INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL E O SILÊNCIO
No
suplemento “dinheiro vivo” (JN,
28/4/2018), surpreendeu-me o título: “Dez
gestores revelam como um retiro ajuda a decidir melhor. Todos praticam, de formas diferentes, o
estar em silêncio”.
E
a autora, Elisabete Tavares, continua: “Nos negócios, a inteligência espiritual
tornou-se um requisito, num mundo em que a inteligência artificial ganha
espaço”.
Esta
afirmação está em linha com o que escreveu a filósofa americana Dana Zohar: "A inteligência
espiritual coletiva é baixa na sociedade moderna. Vivemos numa cultura
espiritualmente estúpida, mas podemos agir para elevar nosso quociente
espiritual".
Esta referência à “inteligência espiritual” fez-me recordar o que já
escrevi (VP, 10/10/2016):
“ O Dr. Albino Moreira possuía aquela “inteligência
espiritual”, fonte de liberdade e consciência crítica, de que falava Santa
Edith Stein”.
Esta filósofa, bem como Annah Arendt, já havia abordado este terceiro tipo de inteligência. No
entanto, foi Dana Zohar que o reavivou nos nossos dias.
O primeiro tipo, a “inteligência intelectual” (QI) está na base do
pensamento racional e lógico. O segundo, a “inteligência emocional” (QE)
realiza o pensamento associativo, reconhecedor de padrões emotivos. A
descoberta do QE veio demonstrar que o QI, tido, até então, como medida única
da inteligência, não era suficiente. Não basta ser-se um génio se não se souber
lidar com as emoções.
Mais recentemente, está a ser valorizada a “inteligência espiritual” (QS)
que alarga os horizontes das pessoas, ajuda-as a lidar com o cerne das
questões, torna-as mais criativas e com necessidade de dar significado à vida.
Dana Zohar baseia-se em pesquisas de cientistas de várias partes do mundo
que descobriram, no cérebro, o chamado "Ponto de Deus", uma área que
seria responsável pelas experiências espirituais das pessoas. Segundo ela, as
pessoas com bom QS praticam e estimulam o autoconhecimento profundo;
orientam-se por valores, regem-se por ideais; têm capacidade de encarar e utilizar
a adversidade; têm uma visão holística do real; celebram a diversidade; têm
independência; perguntam-se sempre "por quê?"; possuem a capacidade
de colocar as coisas num contexto mais amplo bem como o dom da espontaneidade e
da compaixão.
Deixo-vos
com dois testemunhos do supramencionado suplemento: “Acabo de concluir dez dias
de meditação em silêncio”; “Não tenham medo de ouvir o que vos diz o coração”.
Silêncio…
meditação… ouvir o coração…
Não
é por acaso que se multiplicam os “Encontros de Silêncio” como o que, no verão
passado, presenciei no Mosteiro de Sobrado dos Monxes, na Galiza. Não será para
respirar silêncio que muitos percorrem o Caminho de Santiago? Na sua maioria,
vão em grupos mas caminham separados e nunca vi nenhum com fones de ouvido nem ao
telemóvel…(6/6/2018)
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