ORGANISTA DA CATEDRAL
”Vamos com
alegria para a Casa do Senhor.”
Amigo,
foi este o último salmo que te ouvi cantar, na “Missa de 7º dia” de tua mãe,
Benilde. Foi ao seu colo que te conheci quando vinha à Escola Primária do Cerco
participar na Eucaristia da incipiente comunidade cristã que esteve na origem
da paróquia da Senhora do Calvário. Já então teu pai, Alfredo Costa, era
responsável pela liturgia.
Foste
criado numa família a quem a paróquia muito deve. Não faltava a nada. Além das
celebrações litúrgicas, participava nas peregrinações a Fátima, nos convívios e
em tudo mais.… Ainda estou a ver teus pais, carregados de farnéis, a correr, na
estação de Contumil, para apanhar o comboio especial que a paróquia tinha
alugado para o convívio em Barcelos. E, atrás, lá vinhas tu com tuas irmãs.
Linda imagem que recordo com uma lágrima de saudade!
Quando
teu pai te pedia para dizeres teu nome, logo tu, pequenino, respondias:
“TóMáTiPi a Tó” o que significava: António Mário da Silva Pinto da Costa. Como
tua mãe gostava de recordar, este foi o nome pelo qual sempre te tratei e que
te fazia sorrir.
Desde
muito novo, foste um vocacionado para a música. Nos finais de 1966, a capela da
Senhora do Calvário, recém-inaugurada, adquiriu um harmónio. Ainda sinto a
alegria do teu pai quando, no final da Eucaristia, te colocava no banco do
harmónio e tu, com o dedito, tocavas algumas notas dos cânticos da Missa.
Depois, começaste a aprender piano e era no piano da “Casa Paroquial” que te
aperfeiçoavas. Passavas horas a tocar e nunca te cansavas.
A
seguir, veio o Curso diocesano de Música Litúrgica (cf. VP, 11/7/2018). E foste
subindo… subindo… mas nunca esqueceste as origens. Para os amigos de infância,
continuaste a ser o Toni. Ainda no dia 22 de abril do ano passado, vieste à
capela da Senhora do Calvário tocar no decrépito órgão dos teus inícios. Como
ele se sentiu revigorado quando teve sobre suas teclas as mãos do organista titular
da Catedral do Porto!...
Sempre
colaboraste com a Fundação Voz Portucalense. Por isso, foste agraciado com o
diploma “Reconhecimento” que irias receber das mãos de D. António Francisco, no
Santuário do Monte da Virgem, em 4 de junho do ano passado – “Dia da Voz
Portucalense”. Infelizmente, a doença impediu a tua presença.
O
teu funeral, no dia 25 de junho em Aradas-Aveiro, foi uma enorme manifestação
de pesar. Sensibilizou-me a participação grata da Igreja do Porto representada
por D. António Augusto, pelo Cabido e pelos responsáveis do Seminário Maior,
Centro de Cultura Católica e Universidade Católica, onde foste professor e por
muitos dos teus alunos e amigos. Quanta emoção havia no rosto do Cónego
Ferreira dos Santos, o teu primeiro professor de órgão que sempre te
apadrinhou! E no coração do pároco que te acompanhou desde os tempos de menino…
Dou
graças a Deus por ti e tua família.
(18/7/2018)
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