O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, janeiro 16, 2019

COMO O BEIJA-FLOR



Conta a fábula que, certo dia, um terrível incêndio invadiu a floresta. Desesperados, os animais fugiam em busca de refúgio. Enquanto isso, o beija-flor, a mais pequenina das aves, apanhava gotículas de água de um lago e lançava-as sobre o fogo. A águia, intrigada, perguntou: – “Ô pequenino, achas que vais apagar o incêndio sozinho?” – “Sozinho, sei que não vou”, respondeu o beija-flor, “mas estou a fazer a minha parte”.

Envergonhada, a rainha das aves chamou os outros pássaros e todos se juntaram na luta contra as labaredas.

Vendo isto, os elefantes e os restantes animais venceram o medo e cada um, a seu jeito, encontrou maneira de lutar contra o fogo. E, pouco a pouco, o incêndio foi-se extinguindo…

Lembrei-me desta história quando, na «Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus», participava na Eucaristia na grandiosa catedral de Burgos, a terceira maior de Espanha  e a primeira em estilo gótico (começou a ser construída em 1221).

Na homilia, o Senhor Bispo comentou a mensagem papal para o “Dia da Paz”, realçando o contributo da política para a paz. Começou pela saudação evangélica «A paz esteja nesta casa» e explicou que, segundo o Papa Francisco, “a «casa», de que fala Jesus, é cada família, cada comunidade, cada país, cada continente, na sua singularidade e história; antes de mais nada, é cada pessoa, sem distinção nem discriminação alguma. E é também a nossa «casa comum»: o planeta onde Deus nos colocou a morar e do qual somos chamados a cuidar com solicitude”.

De seguida, destacou: a política como meio fundamental para a paz. E, com o Santo Padre, alertou para o nosso dever de participar nos atos eleitorais: ”Cada renovação nos cargos eletivos, cada período eleitoral, cada etapa da vida pública constitui uma oportunidade para voltar à fonte e às referências que inspiram a justiça e o direito. Duma coisa temos a certeza: a boa política está ao serviço da paz; respeita e promove os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres recíprocos, para que se teça um vínculo de confiança e gratidão”. E, com o nosso Papa, acrescentou: “Cada um pode contribuir com a própria pedra para a construção da casa comum. A vida política autêntica, que se funda no direito e num diálogo leal entre os sujeitos, renova-se com a convicção de que cada mulher, cada homem e cada geração encerram em si uma promessa…”.

E terminou com uma pergunta: - Que poderá fazer cada um de nós pela paz? Foi, então que refleti. Não poderei fazer muito, mas se, neste ano eleitoral, cumprir o meu dever de votar, satisfarei o conselho do Papa e, soube-o mais tarde, o pedido do Presidente da República; se viver em harmonia comigo mesmo, com os outros a começar pelos mais próximos, e com a natureza, estarei em paz com Deus.

Então, poderei dizer como o beija-flor: - “Estou a fazer a minha parte…”

(16/1/2019)