O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, janeiro 09, 2019

UM LAMENTO E UM LOUVOR



Em 20 de dezembro, o JN noticiava: “O diretor da Casa do Gaiato, P. Júlio Pereira, teme pela saúde dos utentes que, no início de novembro, foram retirados do Calvário, pela Segurança Social (SS)”. E acrescentava: “A SS garante que os utentes «tiveram de imediato acompanhamento médico» e que, no mesmo dia, «o plano terapêutico e as prescrições registadas no SNS foram solicitadas ao Agrupamento do Centro de Saúde local e enviadas para as instituições respetivas”. Tudo muito certinho. No entanto…

O amigo que já referi (cf. VP, 12/12/2018), delegado de informação médica, contou-me: “Em 12 de novembro, no Lar onde está minha irmã, reuni com um representante da administração, uma técnica e uma enfermeira. O que me causou mais preocupação foi uma lista que me mostraram onde figurava a medicação que ela estaria a tomar, ou iria tomar, que, excetuando dois fármacos que já tomava no Calvário, compreendia uma série de outros, de várias substâncias que não poderiam, de forma alguma, fazer parte de qualquer prescrição para seu uso. Creio ter havido, na indicação que me foi transmitida, uma mistura de medicações que talvez fizessem parte do conjunto das doentes provenientes da Casa do Calvário ou qualquer outra provável confusão.”
Mais ainda… Em 26 de novembro, às 20h56, enviou ao referido Lar um e-mail de que transcrevo: “Como é do vosso conhecimento, a minha irmã, atualmente ao vosso cuidado, deveria ser presente hoje numa consulta de Medicina Interna no Hospital Padre Américo. O seu caso clínico foi iniciado a partir de análises efetuadas (na altura estava ainda sob a responsabilidade da Casa do Calvário) cujos valores foram considerados anormais e que poderiam indiciar algo de grave, obrigou-a a um internamento prolongado no citado Hospital que mereceu todo o cuidado, tanto do estabelecimento hospitalar como da instituição que a acolhia. Como, até ao momento, não foi possível um diagnóstico definitivo, desloquei-me, hoje, ao respetivo serviço hospitalar na intenção de a acompanhar e saber da evolução do seu estado e do resultado duma ressonância magnética a que foi submetida. Dado que durante toda a manhã a minha irmã não compareceu à consulta (… ) ”. 
Às 21h19, recebeu a resposta: “Não foi feito o transporte à consulta por falta de meios logísticos. Não conseguimos arranjar ambulância nem bombeiros, nem na Cruz Vermelha. Não podíamos correr o risco de viajar na nossa carrinha sem condições para a sua irmã (…)”.
Lamenta e não compreende esta justificação porque sua irmã não tem qualquer deficiência física. “No Calvário, tal nunca aconteceria.”

Congratulo--me com o indulto concedido ao P. Baptista pelo Presidente da República com o apoio dos três ex- Presidentes da República que “defenderam a importância social do seu trabalho” (JN, 28/12/2018). O meu aplauso. (9/1)2019)