OS AVÓS . SANTUÁRIO ESPIRITUAL
Na saudação, o P. Jardim disse que estávamos ali
para, através do teatro religioso à maneira da Idade Média, mergulhar no grande mistério de Deus que desceu do Céu para entrar na
nossa carne. E que o fazíamos em família, à maneira dos primeiros
cristãos. Olhei «o pequeno resto» da zona ribeirinha do Porto. E vi a alegria
do Natal espelhada nos olhos das crianças, na felicidade dos pais, na
serenidade dos avós, no garbo dos atores do grupo de teatro do Centro Social,
no esmero carinhoso dos catequistas e no aprumo afinado dos coros... A
celebração aqueceu-nos os corações e, no final, a partilha do bolo-rei (e não
só…) fez-nos esquecer o frio daquela noite de inverno. É uma graça participar
nesta comunidade.
Ao olhar os rostos enrugados dos avós, lembrei-me do
que tinha acabado de ler: “Podem roubar um manto a um rei, mas não a sua
majestade. Este homem também não se deixa injuriar pelo tempo, pelos hálitos e
pelos fungos. Nem pela força da gravidade que lhe foi moendo as vértebras e
encaracolando a coluna”. (Que Importa a Fúria do Mar)
Também àqueles avós os anos podem roubar-lhes o
vigor da juventude, mas não a dignidade de serem elos na transmissão da vida.
De uma vida cujas origens se perde nos primórdios dos tempos. Por quantas
gerações teve que passar para chegar até eles!.. E, através deles, por quantas
se prolongará? Mistérios duma «ponte» a unir um «ontem», que se esconde nas
lonjuras originais, a um «amanhã» de horizontes indefinidos. São um «presente»
de Deus. Como disse o Papa Francisco: “Um povo que não respeita os avós é um povo sem memória e,
consequentemente, sem futuro”.
Os avós sorriam porque se sentiam gratificados como transmissores da Fé, a“herança mais preciosa” que receberam de seus pais. E que, ali e agora, se alimentava e manifestava em seus netos. Diz o Papa Francisco: “Os avôs e as avós formam o «coro» permanente de um grande santuário espiritual, onde a oração de súplica e o canto de louvor apoiam a comunidade que trabalha e luta no campo da vida”.
Como me sinto feliz quando os netos rezam a «Avé Maria» que aprendi ao regaço de minha mãe! Como é bom rezar com eles o «Pai Nosso», na Missa em que, mensalmente, lembramos os familiares já falecidos.! Quão doce é, ao deitar, dar graças a Deus com eles e cantar: «O dia chegou ao fim. Silêncio a noite desceu. Boa noite. Paz em Deus»! Obrigado, Jesus!
“Aos avós que receberam a bênção de verem os netos, foi confiada a tarefa de transmitir a experiência de vida, a história da família e partilhar com simplicidade a sabedoria e a fé, que é a herança mais preciosa.” (Papa Francisco, 26/7/2016)
Maravilhosa missão! Que desafio! E que honra!...
(6/2/2019)
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