O AVIVAR DE VELHAS AMIZADES
Quando
jovens, conviveram em múltiplas atividades numa paróquia do Porto. A vida
dispersou-os. Após várias décadas, resolveram criar o grupo “EVA- Encontro Velhos Amigos”. E, no
dia 6 de julho, foram cerca de 30 os que se juntaram na Praça da Liberdade para
uma visita à “Baixa do Porto”.
Começaram
por saber que a terra que pisavam pertencera às “hortas do bispo”. Em 1682,
passou a chamar-se “Praça da Natividade” em honra duma capela com essa
invocação. Depois, foi “Campo da Hortas”. Em 1711, recebeu o nome de “Praça
Nova das Hortas”. Com a revolta liberal em 24 de Agosto de 1820, passou a
“Praça da Constituição” e, em 1833, a “Praça de D. Pedro IV” em homenagem ao
“Rei-Soldado” que, com o “Exército Libertador”, entrou na Cidade, em 9 de julho
de 1832. Com a implantação da República, em 1910, começou por ser “Praça da
República” para, logo em 27 de outubro, receber o nome atual. E porquê? A
resposta é-nos dada por duas placas que, em 1914, a Câmara do Porto mandou
colocar na base da estátua D. Pedro, em honra dos “Mártires da Liberdade” com
os nomes dos doze liberais que, em 1829, foram enforcados nessa praça, por
ordem de D. Miguel. Para os portuenses, esta é, por antonomásia, a sua «Praça».
Na
estátua equestre, inaugurada em 1866, mereceu especial atenção a mão direita de
D. Pedro com a “Carta Constitucional” que outorgou à Nação (1826), em
substituição da Constituição de 1822, que, para além do Poder Executivo,
atribuía ao Rei o 4º Poder, “Poder Moderador”.
Na
“Porta dos Carros”, falou-se sobre a Muralha Fernandina, construída no século
XIV e derrubada ao longo dos séculos XVIII e XIX. Aí, observaram a estação de
S. Bento, obra do arquiteto Marques da Silva, edificada no local onde D. Manuel
mandara, em 1518, construir o Mosteiro de São Bento da Ave Maria para, nele,
congregar as monjas dos mosteiros de Rio Tinto, Tuías, Tarouquela e Macieira de
Sarnes.
Encaminharam-se,
de seguida, para a rua das Flores aberta no reinado de D. Manuel (1521). No
cruzamento com a antiga rua do Souto que, outrora, ligava a “Cruz do Souto” à
Porta do Olival, viram as ruínas do hospital D. Lopo que, no século XVI,
substituíra o Rocamador criado nos tempos de D. Sancho I. À esquerda, pararam
na “Rua Afonso Martins Alho”, o mercador portuense que, em 1353, celebrou, em
nome de D. Afonso IV, o primeiro “acordo comercial com Inglaterra”. E fê-lo com
tal astúcia que passou à história como símbolo de esperteza e sagacidade. Assim
nasceu o dito: ”Fino como um alho” ou melhor: “Fino que nem o Alho”.
Depois de trocarem abraços e endereços no Largo de S. Domingos,
o encontro terminou, na antiga “Araújo e Sobrinho”, junto da imagem de Santa
Catarina de Alexandria que deu nome à rua de Santa Catarina das Flores, atual
rua das Flores.
Como foi bom percorrer, com “velhos amigos”, estes caminhos da
História…
(18/9/2019)
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