NO INÍCIO DO ANO LETIVO
«Para
a Escola ser a segunda Família, a Família tem de ser a primeira Escola». Quando
o não é…Lembrei-me desta frase ao ler um texto do JN (9/9/2019) de que, com
vénia, transcrevo e comento algumas perícopes.
“A educação das crianças devia começar em
casa, com os pais. Mas não. Hoje em dia, inicia-se primeiro nos smartphones,
uma espécie de baby-sitter virtual que trata de anestesiar os miúdos.”
Podemos comprová-lo em qualquer restaurante. As crianças passam o tempo
agarradas aos “tablets” enquanto os pais ficam alheados ao telemóvel.
“Pais e professores estão a ser substituídos
por youtubers e influenciadores digitais nos conselhos e nas dicas. São os
exemplos que os mais pequenos seguem, relegando para segundo plano o papel do
pai e da mãe”
Os modelos que os influenciam vêm duma sociedade que, em pílulas açucaradas,
vai passando mensagens subliminares que geram dependências.
“As férias de verão também serviram para
percebermos que são demasiados os pais que delegam no telemóvel a função de
entreter e educar, enquanto não chega a hora de voltar à escola.” E a
criança que passou meses com videojogos, num mundo virtual sem regras nem
horários, como poderá adaptar-se à dureza da “realidade” escolar com tarefas e regras
a cumprir? E inferniza a sala de aula.
“Portanto, no arranque deste ano letivo,
estes mesmos encarregados de educação não devem responsabilizar nem os
professores nem a escola pelo mau comportamento ou insucesso dos filhos. As
escolas têm de ajudar os pais, é certo. Mas não podem assumir a
responsabilidade que deveria partir de casa.” Mestres em pedagogia… O mais
fácil é culpar os outros.
“Valia também a
pena que os atores políticos e sindicais tirassem um pouco do tempo que gastam
nas lutas laborais para se debruçarem sobre o tema.” Os jornais vão
noticiando agressões a professores, por vezes, nas próprias salas de aula, e
nunca vi o Governo defender os seus trabalhadores. E a Assembleia da República
já gastou alguns minutos a verberar estes atos bárbaros? E os Sindicatos? E…?
E…?
Por
medo ou hipocrisia, paira um cúmplice manto de silêncio. E, no entanto, todos
falam da importância da escola na formação das novas gerações…
Dentro em breve, não teremos professores
suficientes porque não há quem o queira ser. Desde 2010, já se aposentaram 19
433 e muitos outros o anseiam…Mais, nas últimas quatro décadas, desceu em 60% o
número de alunos a frequentar os cursos ligados à Educação. E a primeira razão,
diz a diretora da ESE do Porto, é “a perda de prestígio dos professores”(JN,
3/10/2019). Por isso, o reitor da UTAD diz que urge “um reconhecimento público
da profissão de Professor”.
Em
Dona Beatriz, minha professora primária que já partiu, Dr. Marques, meu
professor de Filosofia e D. Serafim, de Teologia, que connosco peregrinam,
expresso a minha gratidão aos meus mestres. E neles, a minha homenagem a todos
os professores.
(16/10/2019)
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