O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, fevereiro 01, 2017


 E O CÉU ALI TÃO PERTO...


Quão gratificante foi aquela noite de 30 de dezembro!

A abrir, a “Orquestra de Sopros e Percussão”, com largas dezenas de alunos do ensino secundário. Rostos a respirar juventude, olhares em horizontes de esperança. Discretos na postura, distintos no porte. Com que elevação e saber, sob a direção de Luís Carvalhoso, interpretaram as diversas obras do seu programa! Ao vê-los, veio-me à mente o poema de Torga com que a VP embelezou o seu número de Natal. “Junquem de flores o chão do velho mundo / Vem o futuro aí!”. Uma juventude assim dá gosto ver e viver! Que contraste com aqueles outros jovens, de rostos envelhecidos, com quem, por vezes, nos cruzamos na vida, sem rumo nem fulgor…

Seguiu-se a “Orquestra Sinfónica”, também ela com várias dezenas de jovens alunos. Sob a mesma direção artística, o mesmo garbo na apresentação, o mesmo brio na execução, o mesmo futuro no olhar.

Mas o auge atingiu-se quando, sob a direção das professoras Catarina e Patrícia Silva, centenas de crianças se associaram à Orquestra Sinfónica para nos cantar a “História da Pequena Estrela” - um ternurento conto de Natal, pontilhado por canções doces em gorjeios de primavera.

Assim rezava a história: Uma noite, todas as estrelas no céu estão muito excitadas porque, em Belém, tinha nascido o Rei dos Reis. A ”pequena estrela” confessa que deseja oferecer um presente que seja digno de tão ilustre Bebé. As outras riem-se dela por ser tão minúscula. Ela, porém, não desiste e parte à procura dessa prenda especial. Vai para norte, sul, este e oeste mas nada encontra que satisfizesse o seu desejo. E, desanimada, conclui que as outras estrelas tinham razão: era muito pequenina. Mas o que ela não sabia era que, enquanto viajava dum lado para o outro, muitos a seguiram até ao estábulo onde Jesus nascera: animais, pastores, reis magos, cujas personagens entravam em cena, à medida que a narradora ia contando a história. Primeiro, a “pequena estrela”, uma criança acompanhada por outras estrelas que cintilavam. A seguir, um burro muito resmungão e seus acompanhantes. Depois, os pastores que traziam consigo uma ovelhinha bem dengosa. Finalmente, os Reis Magos, imponentes nos trajes e oferendas.

Foi toda uma comunidade educativa em ação: os mais pequeninos cantaram - e que bem cantaram! Os mais velhos tocaram – e como o fizeram! Os professores dirigiram e representaram – e muito bem. Os funcionários prestaram todo o apoio. Os pais esgotaram a sala Suggia da Casa da Música. Está de parabéns a AMCC.

Que deliciosa festa de Natal! Fez-me evocar o salmo 150: “Louvai o Senhor ao som da trombeta, Louvai-O com a lira e a cítara. Louvai-O com a harpa e a flauta”.

Não foi por acaso que os pintores encheram o Paraíso de anjos músicos…

(1/2/2017)