Pelos Pirenéus…
Castelo de Xavier -
Espanha
Apaixonado por ciclismo, há muito alimentava o sonho de
percorrer, de carro, as etapas pirenaicas da “Volta a França” para homenagear Ribeiro
da Silva - “O Herói do Tourmalet”- grande ciclista, natural de Lordelo, Paredes
que o perenizou numa estátua.
Em outubro, fiz-me à
estrada… A primeira paragem significativa foi, já nas fraldas dos Pirenéus, no
castelo onde nasceu S. Francisco Xavier, o “Apóstolo das Índias”, o primeiro a
levar o Evangelho até ao Japão, em 1549. (cf. VP. 7/12/2016, pág.15). Ao
percorrer a igreja, deparei, na base do altar de Nª Sª do Carmo, com a inscrição
“AQUI NACIÓ SAN FRACISCO JAVIER – 7 de ABRIL DE 1506”.
Foi um momento de
recolhimento e ação de graças por todos os jesuítas que marcaram a história da
Igreja, a começar por Santo Inácio, de Loiola, ali bem perto, até ao nosso papa
Francisco, sem esquecer S. João de Brito que, ao partir para o Oriente, se
despediu do Porto numa varanda do atual Seminário Maior; S. Francisco de Borja
que fundou o primeiro colégio jesuíta do Porto, na rua do Barredo que recebeu o
seu nome; P. António Vieira, mestre da nossa Língua e defensor de escravos e
índios.
Depois, foi subir até Roncesvales por onde, ao longo dos
séculos, passam os peregrinos do Caminho de Santiago francês, e onde, em 778,
se deu a batalha que inspirou a “Canção de Rolando” , a mais antiga das “canções
de gesta” que, na Idade Média, os jograis cantavam por toda a Europa.
Vale a
pena uma paragem não só para mergulhar na história e descansar o olhar no verde
das faias, mas também para admirar a igreja gótica da Real Colegiada, do século
XIII, e, no altar-mor, a imagem de Nossa Senhora de Roncesvales.
Reconfortado o espírito, há que subir ao cume do mítico Tourmalet,
a 2115 metros de altitude, onde um monumento recorda os “heróis da estrada”.
Lá
nas alturas, elevei o pensamento até Deus e pensei em Ribeiro da Silva, que, ali,
venceu em 1957. Passou por estas curvas e contracurvas arrepiantes sobre
precipícios medonhos sem qualquer acidente e acabou por morrer, em 1958, com apenas
23 anos, num desastre bem perto da sua terra… O mesmo aconteceu ao grande
Joaquim Agostinho… Mistérios da vida...
Mistérios… E o que é o Natal se não a celebração do grande Mistério
da Vida feita plenitude em Jesus?
Um Santo Natal para todos.
(VP- 21/12/2016)
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