O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, dezembro 21, 2016


Pelos Pirenéus…




Castelo de Xavier - Espanha

Apaixonado por ciclismo, há muito alimentava o sonho de percorrer, de carro, as etapas pirenaicas da “Volta a França” para homenagear Ribeiro da Silva - “O Herói do Tourmalet”- grande ciclista, natural de Lordelo, Paredes que o perenizou numa estátua.

 Em outubro, fiz-me à estrada… A primeira paragem significativa foi, já nas fraldas dos Pirenéus, no castelo onde nasceu S. Francisco Xavier, o “Apóstolo das Índias”, o primeiro a levar o Evangelho até ao Japão, em 1549. (cf. VP. 7/12/2016, pág.15). Ao percorrer a igreja, deparei, na base do altar de Nª Sª do Carmo, com a inscrição “AQUI NACIÓ SAN FRACISCO JAVIER – 7 de ABRIL DE 1506”.
 
 Foi um momento de recolhimento e ação de graças por todos os jesuítas que marcaram a história da Igreja, a começar por Santo Inácio, de Loiola, ali bem perto, até ao nosso papa Francisco, sem esquecer S. João de Brito que, ao partir para o Oriente, se despediu do Porto numa varanda do atual Seminário Maior; S. Francisco de Borja que fundou o primeiro colégio jesuíta do Porto, na rua do Barredo que recebeu o seu nome; P. António Vieira, mestre da nossa Língua e defensor de escravos e índios.
 

Depois, foi subir até Roncesvales por onde, ao longo dos séculos, passam os peregrinos do Caminho de Santiago francês, e onde, em 778, se deu a batalha que inspirou a “Canção de Rolando” , a mais antiga das “canções de gesta” que, na Idade Média, os jograis cantavam por toda a Europa.
 
 
 
Vale a pena uma paragem não só para mergulhar na história e descansar o olhar no verde das faias, mas também para admirar a igreja gótica da Real Colegiada, do século XIII, e, no altar-mor, a imagem de Nossa Senhora de Roncesvales.


Passada a fronteira francesa, foi descer em direção a Lourdes. E aí mais uma paragem para participar na eucaristia dominical na Basílica de S. Pio X. Lugar paradisíaco que descansa o corpo e faz bem à alma.

Reconfortado o espírito, há que subir ao cume do mítico Tourmalet, a 2115 metros de altitude, onde um monumento recorda os “heróis da estrada”.
 
 
 
 
 
Lá nas alturas, elevei o pensamento até Deus e pensei em Ribeiro da Silva, que, ali, venceu em 1957. Passou por estas curvas e contracurvas arrepiantes sobre precipícios medonhos sem qualquer acidente e acabou por morrer, em 1958, com apenas 23 anos, num desastre bem perto da sua terra… O mesmo aconteceu ao grande Joaquim Agostinho… Mistérios da vida...

Mistérios… E o que é o Natal se não a celebração do grande Mistério da Vida feita plenitude em Jesus?

Um Santo Natal para todos.

(VP- 21/12/2016)