VEJO E INTERROGO-ME...
Vi um casal de namorados sentar-se num bar, começar
a clicar nos telemóveis e sair sem uma conversa. E, num restaurante, um casal
com dois filhos que nunca largaram o telemóvel e os pais fizeram o mesmo. Vejo pessoas
muito respeitáveis encher o facebook com selfies
e cenas privadas. Li no JN (11-9-2016)
que um homem foi encontrado em casa dias após a morte e ninguém o reclamou para
lhe dar sepultura. E ele, só no facebook, tinha 3455 “amigos”. - Amigos?
Como ler tudo
isto?
Em “Afinal
quantos likes vale uma amizade” (Share
TV Record magazine -Edição 26) a cronista sintetiza: “Outros preferem
confiar nas tecnologias para criar e estreitar relações. E são inúmeros os que
camuflam o ego com amizades virtuais
e número de likes e visualizações,
convictos de que estão mais ligados ao mundo. Pelos vistos, é ao contrário”.
Um estudo recente da Universidade João Paulo II, na
Polónia, concluiu que “a sensação de solidão dos utilizadores das redes sociais
está intimamente associada à quantidade de detalhes pessoais que partilham no
mural, ou seja, quanto mais as pessoas se expõem mais se sentem sós”.
O diretor do Centro para Neurociência da Universidade
de Chicago, afirma: “A impressão de que as redes online oferecem um mundo mais amigável e interconectado é
artificial”.
Uma psicóloga explica: “Com esta necessidade
crescente de estar ligado à rede social, parece crescer uma barreira entre o
jovem e os outros que estão ao pé de si. Conversa-se menos e clica-se mais.”
O Professor
Joaquim Azevedo diz que as crianças “estão sempre capturadas, cada vez que
pegam num telemóvel ou num tablet têm imensas coisas novas para ver” (JN,18/9/2016)
O Papa Francisco em “A Alegria do Amor”, adverte para os riscos da utilização indevida
das novas tecnologias. Aos casais, depois de aconselhar a “partilhar momentos
de silêncio”, diz: “Com efeito, quando não se sabe o que fazer com o tempo
partilhado, um ou outro dos cônjuges acabará por se refugiar na
tecnologia”(N.225). Aos pais aconselha: “Na época atual, em que reina a
ansiedade e a pressa tecnológica, uma tarefa importantíssima das famílias é
educar para a capacidade de esperar. Quando as crianças ou adolescentes não são
educados para aceitar que algumas coisas devem esperar, tornam-se prepotentes
(…) e crescem com o vício do «tudo e imediato». Este é um grande engano que não
favorece a liberdade; antes, intoxica-a.” (n. 275). E exemplifica: “ Sabemos
que estes meios afastam em vez de aproximar, como quando, à hora da refeição,
cada um está concentrado no seu telemóvel ” (n. 278).
Devemos dar graças a Deus pelas maravilhas da técnica
mas temos de ter atenção ao seu uso. Cuidado com dependências castradoras da
liberdade.
.( 23-11-2016)
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