"O NOSSO DEUS É O MESMO DEUS"
(Continuamos com o discurso do chefe índio Seattle)
- Interroga: “O que é o homem
sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual,
porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo
quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.”
- Confessa: “Os nossos filhos
viram os pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso
da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo
com alimentos adocicados e bebidas ardentes. (…) Mais algumas horas ou até
mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas
terras ou que têm vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para
chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de
confiança como o nosso.”
- Anuncia: “De uma coisa
sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o
mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono dEle da mesma maneira como deseja
possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma
maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano
à terra é demonstrar desprezo pelo Criador.”
- Prevê: “O homem branco também
vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando
a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios
dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens,
quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se
encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as
águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o
fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência.”
- Interroga-se: “Talvez
compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as
esperanças que transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais
visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de
amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para
nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho.”
- Pede. “Se consentirmos na
venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver
os nossos últimos dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver
partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das
pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias,
porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe.
Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a
protegíamos. Nunca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda
a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos,
e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo
Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o
nosso destino comum."
Esta carta escrita por um índio americano, há 161 anos, não está longe da nossa tradição cultural.
E nós agora é que somos os civilizados...
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O que terá levado
os nossos lavradores a nunca aceitarem o “emparcelamento” das suas terras? Também
para eles, em cada parcela, corria o sangue dos seus avós…
“Entre os pobres mais abandonados conta-se a nossa terra oprimida e
devastada”, diz o papa Francisco.( 9/11/2016)
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