O Tanoeiro da Ribeira

terça-feira, dezembro 06, 2016


MI - Monte da Virgem


D. António Barroso

Há dias, ao visitar o Monte da Virgem, fui surpreendido pelo medalhão que encima este texto. E interroguei-me: Porquê? A resposta logo me surgiu numa placa que diz: “Bênção da pedra fundamental  XXV-VI-MCMV ”.  Não havia dúvida. Foi D. António Barroso quem presidiu a esta bênção. Confirma-o uma inscrição latina: “A Diocese do Porto dedica à Imaculada Virgem Maria este Monumento de amor, cuja primeira pedra colocou o Prelado D. António Barroso a 25 de junho de 1905”

Ao caminhar para a capela, deparei-me com o busto do Padre Luís, com a inscrição: “Legou-nos o Monte da Virgem (…) e o seu santuário consagrado à Imaculada Conceição. Tão grande era o seu amor pelos pobres que se despojava das suas roupas para os agasalhar. Pediu que continuassem a sua Obra”. E a “Obra do Padre Luís” aí está a atestar que sua vontade foi cumprida…

Na sacristia, consultei o livro, editado em 1956, com o título: “O Monte da Virgem” (As minhas recordações). E qual não foi o meu espanto ao verificar que o seu autor era exatamente o bondoso Padre Luís. É uma relíquia e um tesouro, exemplar único que bem merece ser reeditado…

 Começa assim: “No primeiro dia de Janeiro de mil novecentos e cinco, um grupo de cinco homens, unidos pela mesma amizade, subia lentamente o “Monte Grande”, erguido em frente da cidade do Porto, num extremo da freguesia de Oliveira do Douro”. O Padre Luís, um desses amigos, esclarece que, no ano anterior, um deles tinha gravado “numa das rochas do Monte Grande, em homenagem a Nossa Senhora, as iniciais de “Maria Imaculada” (MI). O grupo sentado em volta do rochedo decidiu: “O Monte Grande, futuro pedestal do monumento a Maria Imaculada, chama-se desde esta hora “Monte da Virgem”.

A respeito de D. António Barroso, o P. Luís esclarece “ O Monte da Virgem ficou sempre um dos lugares preferidos do seu coração e do seu amor a Nossa Senhora. Muitas vezes o subia a pé, recitando o terço, em companhia de algum sacerdote do Paço. Dizia que isso lhe servia de descanso, e ao mesmo tempo lhe permitia recordar as suas jornadas de missionário em Angola e Moçambique”. E afirma: ”Ficou sendo um dos prelados de maior relevo na história da Diocese: genuína têmpera de português antigo e invulgar modelo de missionários, de sacerdotes e de bispos”. Autorizado testemunho!

Que belo lugar para lembrar D. António Barroso e rezar pela sua beatificação…
 
 
 

( 6/12/2016)