O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, dezembro 14, 2016

E OS SINOS REPICARAM FESTIVOS...


 

Foi no dia 5 de dezembro. Os jornais tinham anunciado. Para participar nessa festa, desloquei-me até junto da antiga ponte de S. Domingos que, outrora, ligava o Largo de S. Domingos à velha rua de S. Crispim, hoje, travessa da Bainharia. Aí se encontram as duas colinas do centro histórico do Porto. Das bandas do nascente, levanta-se o morro da Pena Ventosa, encimado pela Sé Catedral – cidade episcopal – que, feito burguês no século XIII, desce até ao rio da Vila. Do lado poente, ergue-se o morro do Olival, coroado pelo imponente mosteiro de S. Bento da Vitória – cidade monástica - que se aburguesou com a rua das Flores, no século XVI.

As doze badaladas caíram lá do alto da torre da Sé. E logo um bando de pombas levantou em alvoroço do beiral da igreja da Misericórdia. Também as gaivotas se agitaram e voavam, desordenadas, num céu azul que o sol iluminava. E, durante vinte minutos, os sinos repicaram, alegres. Uns, pesados e lentos vindos dos lados da Sé, outros mais finos e irrequietos chagavam-nos das bandas da Vitória. Ali se cruzavam sons e tons numa profusão que impossibilitava a identificação das igrejas donde provinham. S. Lourenço? Sé? Terço? Congregados? Clérigos? S. João Novo? Vitória? Misericórdia? S. Nicolau?

E as gentes, de cabeça no ar, paravam, interrogativas, e deliciavam-se. Porquê esta sinfonia? Não, não era pelo 2º aniversário da minha neta que, ali bem perto, dormia tranquila o sono da manhã.

A razão de toda esta festa veio de longe, da cidade de Mérida, no México. Já lá vão 20 anos… Foi aí que, no dia 5 de dezembro de 1996, “o Centro Histórico do Porto foi acrescentado à lista dos sítios classificados como Património Mundial pela UNESCO, tendo por base o critério IV (cultural), considerando que este bem possui valor universal pelo seu tecido urbano e pelos seus inúmeros edifícios históricos que testemunham o desenvolvimento ao longo do último milénio de uma cidade europeia virada para o ocidente pelas suas ligações comerciais e culturais. Atualmente o bem denomina-se Centro Histórico do Porto, Ponte Luís I e Mosteiro da Serra do Pilar”. Assim reza o livro “20 ANOS – PORTO PATRIMÓNIO MUNDIAL – 20 IMAGENS” ,  apresentado, na tarde desse dia, na Biblioteca do Seminário Maior. O Presidente da Câmara, que presidiu, realçou o valor desse título: “Se não fosse essa classificação, se calhar, não tinha sobrado nada do Centro Histórico”.

 Como a velha Fénix, o Porto renasceu das cinzas…

Até ao dia 8 de janeiro, esta cidade rejuvenescida ganhou nova luz, muito especialmente, à noite, com sete instalações luminosas na Cordoaria, Largo do Amor de Perdição, Clérigos, Largo dos Lóios, Estação de S. Bento e Bairro da Sé.

Deixo-vos o convite: “Venha ver o Centro Histórico com outra luz”…
 

(14/12/2016)