E OS SINOS REPICARAM FESTIVOS...
Foi no dia 5 de dezembro. Os jornais tinham anunciado. Para
participar nessa festa, desloquei-me até junto da antiga ponte de S. Domingos
que, outrora, ligava o Largo de S. Domingos à velha rua de S. Crispim, hoje,
travessa da Bainharia. Aí se encontram as duas colinas do centro histórico do
Porto. Das bandas do nascente, levanta-se o morro da Pena Ventosa, encimado
pela Sé Catedral – cidade episcopal – que, feito burguês no século XIII, desce
até ao rio da Vila. Do lado poente, ergue-se o morro do Olival, coroado pelo
imponente mosteiro de S. Bento da Vitória – cidade monástica - que se
aburguesou com a rua das Flores, no século XVI.
As doze badaladas caíram lá do alto da torre da Sé. E logo
um bando de pombas levantou em alvoroço do beiral da igreja da Misericórdia.
Também as gaivotas se agitaram e voavam, desordenadas, num céu azul que o sol
iluminava. E, durante vinte minutos, os sinos repicaram, alegres. Uns, pesados
e lentos vindos dos lados da Sé, outros mais finos e irrequietos chagavam-nos
das bandas da Vitória. Ali se cruzavam sons e tons numa profusão que
impossibilitava a identificação das igrejas donde provinham. S. Lourenço? Sé? Terço?
Congregados? Clérigos? S. João Novo? Vitória? Misericórdia? S. Nicolau?
E as gentes, de cabeça no ar, paravam, interrogativas, e
deliciavam-se. Porquê esta sinfonia? Não, não era pelo 2º aniversário da minha
neta que, ali bem perto, dormia tranquila o sono da manhã.
A razão de toda esta festa veio de longe, da cidade de
Mérida, no México. Já lá vão 20 anos… Foi aí que, no dia 5 de dezembro de 1996,
“o Centro Histórico do Porto foi acrescentado à lista dos sítios classificados
como Património Mundial pela UNESCO, tendo por base o critério IV (cultural),
considerando que este bem possui valor universal pelo seu tecido urbano e pelos
seus inúmeros edifícios históricos que testemunham o desenvolvimento ao longo
do último milénio de uma cidade europeia virada para o ocidente pelas suas
ligações comerciais e culturais. Atualmente o bem denomina-se Centro Histórico
do Porto, Ponte Luís I e Mosteiro da Serra do Pilar”. Assim reza o livro “20
ANOS – PORTO PATRIMÓNIO MUNDIAL – 20 IMAGENS” ,
apresentado, na tarde desse dia, na Biblioteca do Seminário Maior. O
Presidente da Câmara, que presidiu, realçou o valor desse título: “Se não fosse
essa classificação, se calhar, não tinha sobrado nada do Centro Histórico”.
Como a velha Fénix, o
Porto renasceu das cinzas…
Até ao dia 8 de janeiro, esta cidade rejuvenescida ganhou
nova luz, muito especialmente, à noite, com sete instalações luminosas na Cordoaria,
Largo do Amor de Perdição, Clérigos, Largo dos Lóios, Estação de S. Bento e
Bairro da Sé.
Deixo-vos o convite: “Venha ver o Centro Histórico com outra
luz”…
(14/12/2016)
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