O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, janeiro 11, 2017


SANTUÁRIO DO MONTE DA VIRGEM

 


Minha mãe, nascida em 1905, falava-me das grandes peregrinações ao Monte da Virgem em que seus pais participavam quando ela era criança. Numa, contou-me, levantou-se, de repente, enorme ventania com um barulho que metia medo e assustou os cavalos da guarda que iam esmagando a multidão. Mas bastou o senhor bispo levantar a mão e tudo ficou sossegado. Esta áurea de mistério gravou-se na minha alma de menino.

Há dias, mão amiga fez-me chegar o livro “Monte da Virgem”, do P. Manuel Leão. Não encontrei qualquer referência ao possível “milagre”, mas vi confirmadas as grandes peregrinações do início do século passado.
 
A primeira concentração, com cerca de 100.000 pessoas, aconteceu em 25 de junho de 1905, na bênção da “ pedra fundamental do Monumento à Imaculada”, por D. António Barroso.
 
 A segunda foi “em janeiro de 1906, embora não tão concorrida como a do ano anterior”. Em 17 de junho, nova peregrinação para a bênção da capela. “Em 23 de Junho de 1907, no primeiro aniversário da capela, houve outra peregrinação. D. António Barroso entrou no desfile no Colégio do Sardão”. Em fins de junho de 1908, peregrinação em que D. António Barroso voltou a integrar-se no Colégio do Sardão. Em 10 de outubro de 1909, outra peregrinação vinda do Porto e presidida novamente por D. António Barroso. A última, antes da implantação da República, aconteceu no dia 11 de setembro de 1910.”D. António Barroso veio esperar pelo cortejo no Sardão, às nove horas da manhã”.

“ A partir desta data, fez-se silêncio.” A capela foi fechada e seus bens arrolados em favor do Estado. Mas os cristãos não se alhearam. Constituíram uma confraria e o culto voltou a organizar-se num ambiente sociopolítico hostil. Foi notável o contributo do “Grupo de Defesa e Propaganda Católica do Porto” a que pertenceu o pai de D. Januário, apoiado pelo seu pároco, P. Adriano Martins, de Santo Ildefonso. Em agosto de 1928, o J.N. já falava em cerca de 20 000 peregrinos que subiram o monte num espetáculo “grandioso e belo, único”.

É tempo de ouvir, novamente, o apelo à contemplação e ao louvor a “Jesus por Maria”, vindo do monte sobranceiro à “Cidade da Virgem”. E razões não nos faltam neste ano pastoral em que a diocese tem por lema “Com Maria renovai-vos nas fontes da alegria” e se vai celebrar o centenário das aparições de Fátima. E, ainda, porque se aproxima o centenário da morte de D. António Barroso que, no dizer do P. Luís (VP, 6/12/2016) foi o grande apóstolo da devoção coletiva a Maria Santíssima neste lugar “estando sempre pronto a vir presidir às peregrinações, chegando a fazê-lo várias vezes ao ano”.

O Monte da Virgem espera a nossa visita para uma oração de louvor e gratidão!...

Gostaríamos de a fazer, no “7.º Dia da Voz Portucalense”..
(11-1-2017)