Razões
dum pseudónimo
Os vários textos que, com muto
agrado, escrevi para o Boletim de D. António Barroso sempre foram assinados por
João da Ponte. No número de Janeiro/Março deste ano, uma nota da
redação esclarecia qual o meu verdadeiro nome. E a pergunta poderá ter surgido:
A que se deve este pseudónimo?
Em 1911, os “carbonários” expulsaram da residência
paroquial, junto da igreja matriz, o “Senhor Abade” da minha terra, S. Martinho
de Campo, Valongo. Sem ter onde residir, foi acolhido numa quinta que, por
ficar próxima da ponte-aqueduto sobre o rio Ferreira, recebia o nome de “Casa
da Ponte”. O seu proprietário, pessoa bem respeitada na freguesia, era conhecido
como “ João da Ponte”. Nessa data, minha mãe tinha apenas seis anos (nasceu em
1905). Toda a sua infância foi passada com o “Senhor Abade” a viver em sua casa
e ficou marcada pela perseguição dos carbonários com episódios de violência por
ela vivenciados. E falava-me também do “Senhor Bispo de barbas brancas que era
um santo e sofreu como Nosso Senhor”. Se me disse seu nome, não o retive. Só
sei que, para ela, era um santo que muito sofreu. Também não sei se alguma vez terá
vindo a sua casa visitar o “Senhor Abade que esteve muito doente”. Mas era com
muito carinho que me falava dos dois, associando-os no mesmo calvário. Também
seu pai foi atormentado por ter dado guarida ao “Senhor Abade” que a arruaça
anticlerical atacava.
Com o pseudónimo que adotei,
numa publicação dedicada a um bispo a quem minha mãe tanto amava, quis dar
graças a Deus pelo meu avô materno , de quem recebi o nome e cuja imagem amiudada
e bondosa se esbate no tempo, pois morreu era eu ainda menino. E, nele, quis homenagear os cristãos, de
rígida têmpera, que arrostavam com a sanha antirreligiosa para defenderem os seus “pastores”. Sem
esquecer minha mãe que, em solteira, era a Maria Rosa da Ponte.
(Dezembro de 2016)
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home