O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, fevereiro 08, 2017



HOMENAGEM AOS IMIGRANTES
 


No final do ano, como é tradição, as várias estações televisivas passaram em revista os acontecimentos que,  em Portugal, marcaram o ano de 2016. Ao falar do desporto, ouvi um nome que me soou estranho. Não era Francisco, João, António ou Martim… mas Tsanko. Isso mesmo Tsanko Arnaudov. Ao ganhar a medalha de bronze do lançamento de peso nos Europeus de Atletismo, deu a Portugal a primeira medalha da sua história numa modalidade tão especializada. Surpreendido, investiguei e fiquei a saber que, nascido na Bulgária, naturalizou-se português em 2010.

Este facto veio realçar a multiculturalidade da nossa sociedade que queremos seja intercultural. Daí, nesta hora em que, na América, se levantam ventos de apocalipse, esta minha homenagem a Tsanko Arnaudov e, nele, a todos os imigrantes que, como disse o papa Francisco, “guardando os valores das suas culturas de origem”, honram esta nossa Mátria que os acolheu. E faço-o, invocando o símbolo do seu Povo - o “Sacro Mosteiro de Rila”- Património da Humanidade e considerado o centro impulsionador da cultura búlgara.

 

Fundado no século X por frei João de Rila, eremita e contemplativo, nele se guarda e venera o corpo deste que é o santo mais respeitado pelos búlgaros. Conheceu períodos áureos e momentos de destruição. Sofreu múltiplos incêndios e devastações, mas sempre sobreviveu graças ao apoio dos soberanos búlgaros na Idade Média. Durante o domínio otomano, valeu-lhe a proteção dos czares russos e dos príncipes moldavos. E sempre a devoção dos cristãos ortodoxos.



Por fora, o mosteiro assemelha-se a uma fortaleza medieval com cerca de 8 800 m2. Por dentro, evoca uma típica casa renascentista, com colunas, arcos, escadas, terraços cobertos; decoração polícroma, fontes de pedra com água cristalina.
 
Nas igrejas, os frescos, pintados na época da repressão turca, impressionam pela quantidade de santos guerreiros. A igreja maior conserva frescos do século XIV, testemunhos valiosos da pintura medieval. O mosteiro atual é uma reconstrução do século XIX, após o grande incêndio de 1833, em que se empenhou todo o povo búlgaro.

Ainda hoje, é “um tesouro espiritual de muitos séculos onde a alma se eleva até ao divino. E porto de salvação para quem, com fé e veneração, cruza os seus umbrais milenares”.
 
 

( 8/2/2017)