HOMENAGEM AOS IMIGRANTES
No final do ano, como é tradição, as várias estações
televisivas passaram em revista os acontecimentos que, em Portugal, marcaram o ano de 2016.
Ao falar do desporto, ouvi um nome que me soou estranho. Não era Francisco,
João, António ou Martim… mas Tsanko. Isso mesmo Tsanko Arnaudov. Ao ganhar a
medalha de bronze do lançamento de peso nos Europeus de Atletismo, deu a
Portugal a primeira medalha da sua história numa modalidade tão especializada.
Surpreendido, investiguei e fiquei a saber que, nascido na Bulgária,
naturalizou-se português em 2010.
Este facto veio realçar a multiculturalidade da nossa
sociedade que queremos seja intercultural. Daí, nesta hora em que, na América,
se levantam ventos de apocalipse, esta minha homenagem a Tsanko Arnaudov e,
nele, a todos os imigrantes que, como disse o papa Francisco, “guardando os
valores das suas culturas de origem”, honram esta nossa Mátria que os acolheu.
E faço-o, invocando o símbolo do seu Povo - o “Sacro Mosteiro de Rila”- Património da Humanidade e considerado o
centro impulsionador da cultura búlgara.
Fundado no século X por frei João de Rila, eremita e
contemplativo, nele se guarda e venera o corpo deste que é o santo mais
respeitado pelos búlgaros. Conheceu períodos áureos e momentos de destruição.
Sofreu múltiplos incêndios e devastações, mas sempre sobreviveu graças ao apoio
dos soberanos búlgaros na Idade Média. Durante o domínio otomano, valeu-lhe a
proteção dos czares russos e dos príncipes moldavos. E sempre a devoção dos cristãos
ortodoxos.
Por fora, o mosteiro assemelha-se a uma fortaleza medieval com cerca de 8 800 m2. Por dentro, evoca uma típica casa renascentista, com colunas, arcos, escadas, terraços cobertos; decoração polícroma, fontes de pedra com água cristalina.
Nas igrejas, os frescos, pintados na época da repressão turca,
impressionam pela quantidade de santos guerreiros. A igreja maior conserva
frescos do século XIV, testemunhos valiosos da pintura medieval. O mosteiro
atual é uma reconstrução do século XIX, após o grande incêndio de 1833, em que
se empenhou todo o povo búlgaro.
Ainda hoje, é “um tesouro espiritual de muitos séculos onde
a alma se eleva até ao divino. E porto de salvação para quem, com fé e
veneração, cruza os seus umbrais milenares”.
( 8/2/2017)
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