Há
tempos, li o artigo “Espírito democrático
em coração evangélico ”, um comentário muito interessante sobre a “Amoris laetitia” que decidi adaptar para partilhar
convosco.
Começa assim: “O papa de Roma é, hoje, a sentinela mais atenta e
incansável sobre os problemas do mundo. Mas também, para aqueles que não querem
viver de olhos fechados e coração seco, o farol mais brilhante e a orientação
mais autêntica na urgência do consolo e o longo caminho das soluções, nunca
acabadas.
Seu olhar debruça-se
sobre o mundo e os seus grandes problemas, sem se deixar fascinar pelos
problemas imediatos. Não os evita, mas trata-os a seu tempo e com a devida
perspetiva. Falando do amor e das suas diferentes realizações humanas, procura
oferecer o seu significado profundo, insistindo na sua função inclusiva e
estruturante da convivência humana. Somente a partir do centro se pode
organizar tudo, sem que a teoria confunda as distâncias ou distorça a
proporcionalidade. E o centro, repetindo-o com a paciência incansável de quem
vive apaixonadamente o fundamental, é o amor de Deus, a sua ternura sempre
inclinada sobre a margem do sofrimento e a sua misericórdia, maior que toda a
culpa humana. O amor de Deus é o fundamento do seu apelo. O único capaz de
conseguir que, face aos problemas humanos, os nossos juízos de valor, as nossas
crenças e as nossas rejeições permaneçam na órbita evangélica. As suas palavras
são um alerta moral que pode, inclusivamente, vestir-se com tons de uma dureza profética
intensa: «É mesquinho deter-se a considerar apenas se o agir de uma pessoa
corresponde ou não a uma lei ou norma geral, porque isto basta para discernir e
assegurar uma plena fidelidade a Deus na existência concreta do ser humano.»
(nº 304)
E prossegue: “Seja-me permitido manifestar o gozo
pessoal de ver que um princípio, insistentemente repetido há anos, encontra
garantia e confirmação na doutrina do papa. Cabe formulá-lo assim: se Deus é amor
(1Jn 4.8.16), torna-se teologicamente óbvio que toda a doutrina que confirme e
clarifique esse amor, é, por isso mesmo, verdadeira. Quem não compreenda este
princípio, não entenderá nunca as tomadas de posição deste papa que chegou, com
o Evangelho debaixo do braço, do contacto com o sofrimento dos pobres e da
exclusão dos abandonados. Em concreto, não entenderá a sua resposta aos
problemas concretos que, de algum modo, motivaram esta Exortação. Um texto que
pede para ser interpretado tendo em conta o duro, às vezes seguramente muito
doloroso, realismo de um pastor, cujas palavras e decisões nem sempre podem
estender-se até onde ele, pessoalmente, desejaria. Nesta tensão radica uma
chave indispensável para compreender a sua mensagem… e interpretar muitas
reações.” (Continua)
(15/2/2017)
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