Bodas de Ouro da Senhora da Paz
A Data - Corria o
ano de 1965. No dia 7 de março, na ausência de D. Florentino de
Andrade e Silva, Administrador Apostólico da Diocese do Porto, a
participar no Concílio Vaticano II, em Roma, o Pe. João, da Obra
Diocesana de Promoção Social, benzeu a imagem, celebrou a
primeira Eucaristia e deu à capela o nome de Nossa Senhora da Paz.
No seu primeiro aniversário, dia 7 de março de 1966, D.
Florentino, num gesto de carinho, veio presidir à Eucaristia em que
esteve presente a vereadora, D. Maria José Novais, em representação
da Câmara Municipal do Porto
As razões da escolha
– No dia 7 de março de 1965 - primeiro domingo da Quaresma –
por decisão do Papa Paulo VI, entrou em vigor a reforma litúrgica
do Vaticano II: a Missa deixou de ser em latim e passou a ser na
língua de cada país e o sacerdote deixou de estar de costas para o
povo e começou a celebrar de frente para os fiéis. A escolha do
dia 7 de março para a primeira missa na nova capela quis ser um
sinal da “igreja pobre e peregrina”que o Concílio Vaticano II
anunciou e a futura paróquia quereria testemunhar: uma igreja
próxima, plantada no meio das pessoas. Sopravam ventos de
esperança...
A Origem da Capela -
A capela de Nossa Senhora da Paz nasceu do encontro de duas
vontades. O desejo de um grupo de moradores do Bairro de S. Roque da
Lameira, com realce para os senhores Carlos Pereira e Joaquim Costa
e D. Aida Matos, que há muito queria missa no bairro e o plano do
P. João que precisava de alargar a sua ação pastoral para fora
do Bairro do Cerco, onde vivia, e assim cumprir a missão de criar a
paróquia de Nossa Senhora do Calvário que D. Florentino lhe
confiara.
O Edifício - A
pedido do sacerdote da Obra Diocesana, a Câmara cedeu, para servir
de capela, as instalações onde até aí funcionaram os serviços
de jardins, higiene e limpeza que foram transferidos para o bloco 1
do bairro. Inicialmente estava dividido em duas secções. Obras
posteriores, feitas pela Câmara, converteram-no no edifício atual.
O Orago - Nossa
Senhora da Paz. 1965 era tempo da Guerra Colonial. Uma guerra que
parecia não ter fim, com muita dor e angústia. Muitos jovens
partiam cheios de vida e regressavam estropiados ou num caixão.
Eram muitas as mulheres vestidas de preto; mães sem filhos, filhas
sem pais, viúvas de noivos vivos. Nossa Senhora era a Mãe dolorosa
que assistia de pé à agonia do filho (Nossa Senhora do Calvário)
e reconfortava as mulheres esmagadas pelo sofrimento (Nossa Senhora
da Paz). Senhora da Paz e Senhora do Calvário são, pois, duas
invocações marianas que se complementam.
A Imagem - Foi
comprada na Companhia Funerária Portuense, na rua de Santa
Catarina, onde, no ano seguinte, iria ser adquirida a imagem de
Nossa Senhora do Calvário. Trata-se duma jovem, de rosto bondoso e
sereno, que inspira confiança e tranquilidade. Uma bonita imagem da
“Senhora da Paz”. Esta foi a primeira imagem da futura paróquia
de Nossa Senhora do Calvário. Era ela que, levada em andor,
presidia à procissão de velas que, no dia 31 de Maio, unia o Cerco
do Porto e S. Roque da Lameira, durante vários anos e apenas
terminou quando o Comando Distrital da PSP proibiu a sua passagem na
rua de S. Roque.
A Memória – Muitas
noivas depuseram os ramos junto do seu altar. Muitos pais
consagraram-lhe os filhos no dia do batizado. Muitas mães choraram
junto dela e imploraram a sua proteção para seus filhos. Muitas
crianças lhe cantaram nos dias da sua “Primeira Comunhão e da
“Comunhão Solene”. Muitas mães e jovens lhe deram graças. Foi
confidente de muitos namoros. Abençoou muitos casais. Assistiu à
despedida de muitos defuntos. Quantas pessoas lhe rezaram durante os
milhares de Eucaristias que aí foram celebradas! Quantas lágrimas
secou e quantos sorrisos acolheu! Quantas conversões ela pôde
testemunhar! A sua memória tem de ser preservada. A Câmara pôs o
edifício ao serviço da Paróquia e esta não o pode desprezar sob
pena de o perder e, assim, esquecer todos aqueles que fizeram da
capela da Senhora da Paz a sua casa de oração, e ofender a Deus
que aí plantou a sua tenda para se encontrar com os homens.
As Bodas de Ouro –
Celebrar uma data não é
apenas comemorar o passado. É acima de tudo, perspetivar o futuro.
A Senhora da Paz merece uma prenda. Que prenda lhe vamos dar?
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