A Casa da Música faz dez anos...
A Casa da Música, inaugurada em 2005,
iniciou as celebrações do seu 10º aniversário com um concerto de
órgão na igreja dos Clérigos no dia 16 de janeiro que apresentou
obras de Bach e Buxtehude. Foi à hora de almoço e, mesmo assim, o
templo encheu-se por completo... até no coro alto e nos varandins
laterais. Um bem-haja para a Casa da Música e para a Irmandade dos
Clérigos por esta abertura à cidade. À noite, a Sala Suggia
tornou-se pequena para o concerto “Alemanha em concerto” em que
a Orquestra Sinfónica do Porto deu vida a obras dos compositores
alemães Weber, Lachenmann e Beethoven. Se o Schreiben de
Lachenmann, “compositor em Residência 2015”, que subiu ao palco,
foi uma surpresa pela inusitada simbiose de ruídos e sons, foi o
concerto para piano e orquestra de Beethoven que levantou a
assistência pela excelência do seu intérprete, Pedro Burmester, de
ascendência alemã, que, após vários anos, se reencontra com a
Cidade e seus dirigentes. “Contar uma história da Alemanha através
dos seus maiores compositores, desde o século XVI até à
atualidade, é o mote da primeira narrativa que anuncia o País Tema
de 2015 e se estende ao longo de todo o ano.” Este privilegiar da
Alemanha que, no dizer do diretor artístico da CdM, tem na música o
“dominador comum que formou o magma da identidade nacional”, não
fecha a Casa da Música a outras iniciativas. E assim, no dia 1 de
fevereiro ao meio-dia, a Banda Sinfónica Portuguesa apresentou um
concerto com obras de compositores portugueses: Cândido Lima, Coros
e Danças Medievais; Pedro Lima
Soares, Sopro do Côncavo; Rui
Rodrigues, A viagem de balão; Diogo
Novo Carvalho, Gestos e Lino
Guerreiro, al-Uqsur “Luxor”. Todos
os compositores subiram ao palco com a exceção de Rui Rodrigues, a
estudar em Viena. No final do concerto, o diretor da Banda Sinfónica
Portuguesa e da Academia de Música Costa Cabral agradeceu e
enalteceu a qualidade dos intervenientes, todos portugueses,
incluindo o diretor musical Pedro Soares, maestro titular da
Orquestra Clássica de Espinho. Foi uma viagem que nos transportou a
tempos da Idade Média e do Antigo Egípcio; que nos levou a viajar
por mundos imaginários e nos fez mergulhar na profundidade da
introspeção. E nos gestos
sentimos a interação entre o som e as emoções. Foi, no entanto, o
Sopro do Côncavo que
mais me prendeu a atenção: tudo começa no silêncio de um sopro no
seio materno que, pouco a pouco, se faz turbulência na agitação do
vida para vir a mergulhar, numa progressiva solidão, no silêncio
absoluto dum túmulo. Não fora a fé na Ressurreição...
Com a Casa da
Música, o Porto passou a contar com um equipamento cultural que faz
dele um polo de atração para nacionais e estrangeiros. Saibamos
aproveitá-lo.
(11/3/2015)
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