O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, janeiro 07, 2015

"Com a vida não se brinca."


Como a vida é cheia de contrastes. Estamos agora a chorar a morte de alguém que amamos e, daqui a uns dias, estaremos a festejar um novo nascimento. A vida é um grande mistério.”
Assim falava uma amiga no final da “Missa de 7.º Dia" por minha sogra - uma segunda mãe - tendo ao lado a sua neta com uma “barriguinha” bem volumosa que aconchegava a menina que viria a nascer passados três dias e a quem os pais deram o nome de Clara.

Situações-limite tão fortes e contrastantes geram sentimentos que se entrechocam e levaram-me a refletir sobre a finitude e transcendência da vida humana, seu valor e significado. Quando tal fazia, deparei-me com o discurso que o Santo Padre fez, em 15 de novembro , a mais de seis mil representantes da Associação de Médicos Católicos de Itália onde diz que “brincar com a vida” das pessoas é "um pecado contra o Criador", publicado no Osservatore Romano – edição em Português, de 20 de novembro. Dada a pertinência da doutrina e a clareza das palavras, resolvi partilhar convosco parte dessa leitura.
"A vida humana é sempre sagrada, válida, inviolável, e como tal deve ser amada, defendida e cuidada. (...) A fidelidade ao Evangelho da vida e ao respeito que lhe é devido por ser dom de Deus, por vezes, requer opções corajosas e contracorrente. (...) Estamos a viver num tempo de experimentos com a vida. Mas um experimento mau. Fazer filhos em vez de os acolher como dom, como eu disse. Brincar com a vida. Estai atentos, porque isto é um pecado contra o Criador: contra Deus Criador, que criou a coisas deste modo. Quantas vezes ouvi objeções na minha vida de sacerdote. - "Mas, dizei-me, por que se opõe a Igreja ao aborto, por exemplo? É um problema religioso?" - Não, não é. Não se trata de um problema religioso" - “É um problema filosófico?" - Não, não é um problema filosófico. É um problema científico porque se trata de uma vida humana e não é lícito eliminar uma vida humana para resolver um problema" . - "Mas não, o pensamento moderno..." - "Mas, ouve, no pensamento antigo e no pensamento moderno, a palavra matar tem o mesmo significado!" O mesmo é válido para a eutanásia: todos sabemos que com tantos idosos, nesta cultura do descarte, se pratica a eutanásia escondida. Mas há também a outra. E isto significa dizer a Deus: "Não, o fim da vida sou eu que o decido, como quero". É um pecado contra Deus Criador. Pensai bem sobre isto.” Neste início de ano, fica a recomendação do papa Francisco.
Quem desejar conhecer a versão integral deste discurso, poderá fazê-lo na nossa "Sala de Cima" onde o Osservatore se encontra à disposição de quem o quiser ler.

Com os votos de um Ano Bom para todos, deixo este apelo pela vida como dom de Deus que devemos amar, defender e cuidar. (7/1/2015)