O Tanoeiro da Ribeira

sexta-feira, dezembro 12, 2014

Promessa de Obediência


Esta reflexão foi-me sugerida pelo texto do P. Rui Osório, no JN de 16 de novembro passado, que dizia:
-aos futuros sacerdotes, “ Quando forem ordenados espero que honrem o compromisso sacramental e saibam, livre e responsavelmente, aceitar a obediência ao seu bispo. É um compromisso de caráter sacramental e não um mero contrato laboral”;
- aos párocos, “compreende-se mal que um padre, pastor de uma comunidade, se comporte como feitor da sua “quinta”, e se julgue inamovível”;
-aos cristãos, “o padre foi-lhes dado e não lhes pertence, mas à Igreja”.
Contrariamente aos religiosos que fazem profissão de pobreza, obediência e castidade, os presbíteros diocesanos não fazem votos mas, ao receber o sacramento da Ordem, prometem ao bispo e seus sucessores “filial respeito e obediência” (Pontifical Romano de Ordenação). Por isso, a obediência filial ao seu bispo é sacramental e constitui a sua matriz pastoral.
A  “Igreja particular, porção da Igreja Católica” de que fala o Papa Francisco é a diocese e não a paróquia. A diocese não é a soma das paróquias. Pelo contrário, é ela que lhes dá sentido e suporte eclesiológico como parcelas da Igreja particular.
Diz o Vaticano II: “Entre os vários ministérios, o principal é o daqueles que, constituídos no episcopado em sucessão ininterrupta são transmissores do múnus apostólico . E assim, a tradição apostólica é manifestada em todo o mundo e guardada por aqueles que pelos Apóstolos foram constituídos Bispos e seus sucessores (LG)”. Os bispos são, pois, os alicerces da Apostolicidade da Igreja. O presbítero é um colaborador cujo serviço  depende da nomeação episcopal que o faz seu representante. Como aquele pároco que, consciente da sua função vicarial, convidou o seu bispo a ir celebrar a Eucaristia à sua paróquia sempre que estivesse disponível. E  ele, por diversas vezes, apareceu, sem aviso prévio, sem foguetes nem tapetes de flores. Simplesmente como pastor e mestre na Fé. E como tal era acolhido e amado.
 O sacerdote não pode fazer da paróquia uma ilha, nem os paroquianos se podem assumir como seus senhores. O pároco é sempre uma dádiva feita serviço em interação com a diocese. E para esta quão pertinentes são as palavras do Santo Padre: para encontrar o que o Senhor pede à sua Igreja, devemos escutar os sinais deste tempo e perceber os odores dos homens de hoje. Hoje, não se pode ignorar uma certa penugem democrática que, por vezes, favorece e encobre manipulações e motivações obscuras.
 Mais do que administrativo e jurídico, a ligação do pároco ao bispo é sacramental. Ignorar esta sacramentalidade seria atentar contra a essência  teândricada (divina e humana) da Igreja e reduzi-la a uma instituição puramente humana com  muros a separar em vez do altar a congregar. E se assim fosse...
(10/12/2014)