Nos 135 anos da "Missa Nova" de D. António Barroso
No
domingo passado, encerraram em festa as cerimónias comemorativas dos 135 anos
da “Missa Nova” de D. António Barroso na sua terra de Remelhe.
Os seus
conterrâneos recriaram o ambiente festivo de então, com um artístico tapete de
flores, com cálice e hóstia, que ligava a igreja onde “cantou Missa” à sua
capela-jazigo. Nem sequer faltou uma tarjeta na rua que dizia Bendito o que vem em nome do Senhor. Parabéns
para eles e para quantos colaboraram nas jornadas vocacionais. A Eucaristia,
presidida por D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, foi concelebrada por vários
presbíteros entre os quais o diretor da Voz Portucalense que fez presente a
Igreja do Porto. No início, o pároco, P. José Adílio de Macedo, agradeceu a
presença do senhor Arcebispo e demais concelebrantes bem como de toda a
assembleia com destaque para os familiares de D. António Barroso,
vice-presidente da Câmara de Barcelos, presidente e demais elementos da Junta
de freguesia de Remelhe, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos e
com uma referência aos que “vieram da diocese do Porto”. Na homilia, partindo
da perícope “O nosso Evangelho não vos foi pregado somente com palavras, mas
também com obras poderosas, com a ação do Espírito Santo” (1 Tes 1,5b), D.
Jorge Ortiga lembrou que D. António Barroso foi um missionário de corpo e alma.
Com base nas três efemérides que convergiram nesse dia (“Dia Mundial das
Missões”, beatificação de Paulo VI e encerramento do Sínodo Extraordinário),
realçou o espírito missionário que deve animar a vida de todo o cristão; apelou
para a vivência duma Igreja conciliar aberta ao presente sem as peias do
passado e exaltou a família como célula da sociedade e da Igreja.
Após
a Eucaristia, o Dr. Vitor Pinho apresentou o Dr. António Trigueiros, padre jesuíta,
natural de Remelhe, historiador e
investigador apaixonado pela sua terra, que falou sobre “D. António José de
Sousa Barroso – Um Missionário dos três continentes”. Começou por citar uma
passagem do seu testamento: Nasci pobre,
rico não vivi, e pobre quero morrer. A partir dela, dividiu a sua
conferência em três secções. 1ª - Nasci
pobre – as raízes e a infância rural. 2ª- Rico não vivi – Passos de um percurso meteórico pelos três
continentes: a) Em solo africano (1880/1895); b) “Em solo indiano (1887/1699);
c) Em solo lusitano (1899/1918). 3ª- E
pobre quero morrer – Os últimos anos. A festa terminou num convívio na
Quinta dos Lagos, um “paraíso” já vestido de outono.
A
alma-mater destas jornadas com atividades ao longo de vários dias (dia 15 – “O
que é uma ordenação sacerdotal”; dia 16 “O que é uma Missa Nova”; dia 17
“Jornada Vocacional”; dia 18 “Sarau Cultural”; dia 19 Eucaristia e Sessão
Solene) foi o P. José Adílio Barbosa de Macedo, pároco de Remelhe e
investigador devotado à causa de D. António Barroso.
Porque,
como ele próprio disse “este
acontecimento será o meu último acto, em Remelhe, em honra de D. António”, uma
vez que, no próximo domingo, se vai despedir da comunidade que paroquiou ao longo
de 21 anos, a Voz Portucalense deve –lhe uma palavra de gratidão e homenagem.
De gratidão, pela simpatia com que acarinhou as nossas romagens que culminaram
no descerramento, por D. Pio Alves, em 2012, da lápide na capela de Santiago, “a
catedral do Porto do exílio”, que lembra a romagem do ano anterior, presidida
por D. Manuel Clemente no centenário das primeiras ordenações sacerdotais aí
realizadas por D. António Barroso; de homenagem, pelo muito que investigou e
deu a conhecer desse “homem nascido num pitoresco e bucólico recanto do Minho e
que viveu e desempenhou um papel tão importante em três diferentes continentes,
por onde passou como um meteoro, para terminar os seus dias nos belicosos anos
da 1ª república de que foi uma das mais perseguidas figuras da Igreja”, como
disse o Dr. Trigueiros. E morreu com fama de santidade. O seu processo de
canonização foi iniciado em 31/7/1992. Como escreveu o vice-postulador, Dr.
Amadeu Araújo, no Boletim D. António Barroso”, em 2011, “aguardamos a
beatificação com fundada esperança. Com redobradas preces, mantenhamos as
candeias acesas”.
(22/10/2014)
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