O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, outubro 01, 2014

No "Dia Mundial da Música"



Acabo de ler “O Mosteiro Crúzio de Moreira”, editado em 2000, para assinalar o restauro do órgão de Arp Schnitger.
O bem conhecido Frei Geraldo, sob o título “O Mosteiro de São Salvador: os Crúzios em Moreira da Maia: História e Arte”, explica que “Crúzios é o nome com que, em Portugal, são conhecidos os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. O facto do nome – Crúzios- deve-se à importância e prevalência do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra sobre os outros mosteiros da mesma observância”.

A primeira notícia da existência deste mosteiro data de 1027. Sabe-se que D. Afonso Henriques doou-lhe um couto que abarcava Moreira e Vila Nova da Telha. No século XIV, não haveria nenhuma freguesia entre o Ave e o Leça onde não tivesse propriedades. Em 1834, com a extinção das ordens religiosas, todas as propriedades foram vendidas em hasta pública, ficando para a paróquia apenas a igreja conventual.

O professor Vieira de Castro, então presidente da Câmara, considera esta igreja a “Catedral da Maia”. Frei Geraldo descreve com pormenor os seus diversos elementos: fachada, galilé, pórtico, nave, altares, arco do cruzeiro, capela-mor, torres, sacristia, coro alto. No final, afirma:“Está provado que o órgão existente é um grande órgão de tubos construído pelo organeiro alemão de Hamburgo, Arp Schnitger”.  E Georg Jann explica como o descobriu e restaurou. “O Cónego Ferreira dos Santos fez uma viagem comigo para visitar alguns órgãos perto do Porto. Ele queria saber a minha opinião a respeito deles. O órgão na igreja de São Salvador de Moreira da Maia logo chamou a minha atenção. (…) Parecia um órgão do Norte da Alemanha. (…) E em Agosto de 1992, pedi ao perito Sr. Uwe Droszella para o ver e elaborar um parecer. Ele veio, fez um estudo e constatou que se tratava de um instrumento da oficina do famoso organeiro alemão Arp Schnitger”. Para Geor Jann, o nosso agradecimento.

Aproveito este Dia da Música para prestar homenagem ao presbítero e homem de cultura a quem a cidade e a diocese muito devem: o P. Ferreira dos Santos. Não fora ele e o único órgão dos que em, 1701, Arp Schnitger enviou para Portugal continuaria a ser “roído pelos ratos”. Compositor de renome internacional, faz parte duma lista dos “40 principais compositores da História da Música em Portugal”. Promoveu a construção de vários órgãos de tubo e o restauro de muitos outros. Trouxe ao Porto os maiores organistas mundiais. Fundou a Escola das Artes da Universidade Católica. A ele se deve a vaga de licenciaturas em Música Sacra em Ratisbona e Berlim. Muito contribuiu para a renovação da música sacra e litúrgica e o incremento dos serviços litúrgico-musicais: regente de coros, cantor, salmista, organista.

Por tudo isto, e muito mais, é digno de apreço e gratidão.

(1/10/2014)