Os seminários - alfobres de cultura
No dia 31 de maio, na Casa dos Transmontanos do
Porto, o Dr. Barroso da Fonte, perito na história de Trás-os-Montes, enumerava
vultos da sociedade portuguesa que despertaram no Seminário de Vila Real. E
concluía que, “não fora a Igreja, e esses
talentos ter-se-iam perdido nas courelas de seus pais ou engrossado a vaga
emigrante, como teria acontecido
comigo, perdido numa aldeia dos confins do Barroso”.
Esta lúcida e corajosa afirmação num tempo de
laicismo inculto ou mal-intencionado, que procura silenciar o papel da Igreja,
fez- me lembrar o colóquio “Percurso de
um historiador” em homenagem a um professor catedrático que se jubilava na
Universidade do Porto. Escrevia o J.N em 2006: “ Um investigador
meticuloso, académico e homem de grande dimensão cultural. Foram as três
facetas mais evidentes no decorrer do colóquio de homenagem a Ribeiro da Silva,
autor de vasta bibliografia historiográfica. A cidade de Garrett é uma das suas
fontes de pesquisa e interesse. (…) É
um homem de olhar sereno e calmo. A ele, fica a dever-se a
introdução curricular da cadeira de História da Cidade do Porto, na FLUP, bem
como a publicação de obras fundamentais para a compreensão do velho burgo e
seus ideais de liberdade. E a
nossa Voz Portucalense acrescentava:
“ Foi um professor de corpo inteiro e de alma plena, Presidente do Conselho Directivo da Faculdade, vice-Reitor da Universidade em dois mandatos, tendo publicado mais de uma centena de trabalhos de investigação. O perfil humano e académico foi definido pela professora da Universidade de Málaga, Aurora Gámez, que salientou a aliança entre o investigador e professor de referência que é, e a simplicidade, disponibilidade e afabilidade humana que sempre revela no seu relacionamento”.
“ Foi um professor de corpo inteiro e de alma plena, Presidente do Conselho Directivo da Faculdade, vice-Reitor da Universidade em dois mandatos, tendo publicado mais de uma centena de trabalhos de investigação. O perfil humano e académico foi definido pela professora da Universidade de Málaga, Aurora Gámez, que salientou a aliança entre o investigador e professor de referência que é, e a simplicidade, disponibilidade e afabilidade humana que sempre revela no seu relacionamento”.
Lembrei-me desta homenagem porque este insigne investigador passou pelos
bancos dos seminários do Porto o que muito preza. No selecionado currículo que
acompanha seus livros, sempre faz questão de iniciar o seu longo percurso
académico com o registo: “Curso Superior de Teologia”.
Este é apenas um exemplo entre muitos. Só no Porto, conheço vários. Honra
lhes seja dada. Para quando uma trabalho exaustivo sobre figuras da cultura portuguesa que
passaram pelos seminários? Não foram apenas Miguel Torga (Seminário de Lamego),
Aquilino Ribeiro (Seminário de Beja), Vergílio Ferreira (Seminário do Fundão)…
Apesar das “manhãs submersas”, o que seria destes e outros se, em criança, não
tivessem frequentado o seminário? Os seminários sempre foram alfobres de
cultura e importantes fatores de mobilidade social.
Uma homenagem ao Seminário Maior do Porto que esta semana encerrou
solenemente as celebrações dos seus 150 anos de existência. Um bem-haja para os
seus professores.(17/9/2014)
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