Uma sugestão para este verão
Quando
passo na estrada marginal que liga o Porto a Entre-os-Rios, sempre me lembro
das “Jornadas em Portugal” de Antero de Figueiredo: Como Portugal é vário e vivaz, pitoresco e lindo! Hoje, vou
deter-me nos primeiros quatro quilómetros dessa viagem. Logo ao sair da Rotunda
do Freixo, prende-nos a atenção o “Museu da Imprensa” com as paredes exteriores
decoradas com fac-similes de gazetas e jornais antigos. A pedir uma visita. A
seguir, é o Palácio do Freixo, obra-prima de Nazoni recuperada por Fernando
Távora, que, com a Moagem Harmonia, memória da arqueologia industrial, forma a
moderna Pousada do Porto onde se pode entrar para tomar café e admirar sua
beleza. Depois, surge-nos um recanto bucólico que nos faz recuar a tempos
antigos. É a Ribeira de Abade com “barcos valboeiros”, de cores garridas e proa
pontiaguda, que baloiçam, à sombra de amieiros, nas águas do Douro. A pacatez
do lugar é apenas quebrada pelo bulício de crianças que brincam no parque
infantil e pelos muitos caminheiros que aproveitam o passadiço que bordeja o
rio desde a Marina do Freixo até ao Clube Naval Infante D. Henrique. Mais
adiante, à esquerda, no “Lugar do Desenho”, aproveite-se para visitar a
Fundação Júlio Resende e conhecer a obra deste mestre da pintura portuguesa,
insigne portuense, criador da “Ribeira Negra”. A seguir, em Gramido, lá está a
“Casa Branca”, famosa por, em 29/6/ 1847 (fez ontem 167 anos) ter sido palco da
“Convenção de Gramido” que pôs fim à guerra da Patuleia. Que guerra foi esta
que, durante oito meses, dizimou o País? O Governo de Costa Cabral produziu um
conjunto de leis que, aliadas à crise económica, geraram descontentamento e
motins populares como o da “Maria da Fonte”. O povo cantava: Viva a Maria da Fonte/ com a pistola na mão/
para matar os Cabrais/que são falsos à Nação. Quando, em 1946, D. Maria
nomeou o Duque de Saldanha para chefe do Governo, os Setembristas, defensores
da Constituição de 1838, formaram, no Porto, a Junta Provisória do Supremo
Governo do Reino chefiada pelo presidente da Câmara, Passos Manuel. A guerra
dos “pés descalços” explodiu com o apoio de alguns dos melhores generais
portugueses como Sá da Bandeira de quem “Zé do Telhado” foi ordenança e de quem
recebeu como sargento a “Torre e Espada” por lhe ter salvo a vida em 1846. Foi
um período de grandes convulsões que é pouco conhecido e praticamente esquecido
nas nossas escolas.
Atualmente,
a Casa Branca é sede da “Loja Interativa de Turismo de Gondomar” e nela pode
ser visitada a “Exposição integrada no XVI- 2014- Porto Cartoon- World
Festival”.
Visitar
a estes locais poderá ser uma boa sugestão para os amantes da história, da
arte, da paisagem ou simplesmente dum passeio a pé à beira rio.
(30/7/2014)
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