São João o Novo
No
dia 24 de junho, a igreja de S. João Novo, encheu-se para celebrar a Eucaristia
em honra de S. João. Marcaram presença as irmandades e confrarias de S. Nicolau e da Vitória
que, assim, quiseram associar-se à renovada Irmandade do Senhor dos Passos, Cruz de Cristo e
Nossa Senhora do Rosário que, nesse dia, fazia a primeira apresentação pública.
A valorização das antigas irmandades faz parte do projeto do seu pároco, P.
Jardim Moreira, que, pelo culto e pela cultura, quer fazer das igrejas do
centro histórico, habitualmente vazias e muitas vezes fechadas, centros de
proximidade e polos revitalizadores duma zona da cidade que, nos últimos anos,
perdeu cerca de 20 mil habitantes.
Há dias, o Cónego Rui Osório afirmava
que a matriz da Foz do Douro era “ a única igreja da cidade do Porto que tem S.
João Baptista como padroeiro”. Sendo assim, que dizer da igreja de S. João
Novo? Quem é este “S. João-o-Novo”? Um pouco de história.
Quando, nos finais do século XVI, se extinguiu a freguesia de S. João
Baptista de Belomonte, criada em 1582, a
igreja paroquial foi entregue aos Frades Eremitas Descalços de Santo Agostinho
que a apearam e construiram um convento dedicado a um novo S. João - S. João de
S. Fecundo - um santo da sua Ordem, que acabava de ser beatificado (1601) e foi
canonizado em 1690. O complexo monástico, que levou cerca de um século a
levantar, passou a chamar-se S. João-o- Novo, depois S. João Novo.
No convento, nacionalizado em 1834,
funciona o Tribunal Criminal que conserva o antigo nome. A igreja manteve-se ao culto. A fachada, de
imponência austera, “tem a discreta dignidade de uma verídica obra de
arquitectura”. Faz lembrar S. Lourenço (dos
Grilos). Divide-se em três partes coroadas por três frontões e uma cruz enquadrada
por dois colunelos barrocos. No
interior, abre-se, logo à direita da
entrada, a capela de S. João Baptista a lembrar o velho orago da primitiva
igreja e padroeiro da antiga freguesia. Ao entrar, prende-nos a atenção a
abóbada cilíndrica, toda de pedra, com caixotões lavrados. Nas paredes, podemos
admirar quarto portais alusivos a Nossa Senhora, Santo Agostinho e São Patrício
e azulejos decorativos do século XVIII.
Em conclusão, na cidade do Porto (nessa época, S. João da Foz ainda não
fazia parte) havia uma igreja dedicada a S. João Baptista, bem no centro
histórico, demolida no início do século XVII e substituída por uma nova igreja
consagrada a outro S. João – “o novo”. Mas a memória do “velho” S. João
(Baptista) perdurou nas gentes do Porto e o P. Jardim faz bem em avivar essa
tradição cujas raizes remontam a tempos medievais.
Que a renovada Irmandade conseguia manter aberta diariamente essa igreja
que bem merece a nossa visita. Fica o voto.
(16/7/2014)
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home