O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, março 07, 2012

Sweelinck Festival 2012


Farrapos de sol matizavam de luz e sombra a magnífica talha dourada do altar da Senhora da Purificação, “uma quase obra-prima”, no dizer de D. Domingos de Pinho Brandão.
Batiam as quatro horas da tarde no dia 28 de Janeiro. Ia dar-se início à temporada de Órgão do Seminário Maior do Porto. O seu reitor, cónego Álvaro Mancilha, depois de saudar a assistência que enchia a igreja de S. Lourenço (dos Grilos), informou que a nova época incluirá quatro concertos do já tradicional “Sons e timbres do órgão ibérico” e ainda o ciclo “Sweelinck Fesival 2012”, nos 450 anos do nascimento deste compositor holandês.


Passo a citar o libreto distribuído aos participantes.
O Festival - “propõe uma execução integral da música para instrumentos de tecla na Igreja do Seminário Maior do Porto, com órgão historio ibérico, e uma paralela na Igreja de Santo António dos Portugueses em Roma, com um moderno órgão sinfónico. (…) não se quis renunciar a executar e reinterpretar integralmente a obra magistral de Sweelinck que permanece, apesar de afastada no tempo, uma pedra miliar na evolução musical europeia”.
Jan Pieterszoon Sweelinck – (1562 – 1621) – compositor e músico holandês ficou conhecido como “o Orfeu de Amesterdão, graças à sua elevadíssima capacidade de improvisação. A sua produção compreende quer a música sacra, quer a profana; hoje é recordado sobretudo pelos seus excertos de cravo (fantasias, tocatas, variações), tendo renovado o tratamento do instrumento de tecla. A Sweelinck é ainda devida a elaboração do coral, que será a base da concepção compositiva de Johan Sebastian Bach”
O organista é Giampolo Di Rosa, cravista, compositor, improvisador, investigador, professor e organista titular da igreja de Santo António dos Portugueses em Roma.
No concerto inaugural, enquanto os sons fluíam lá das alturas, a assistência podia, no grande ecrã colocado no transepto, ver as mãos do organista que, ora suaves ora frenéticas, bailavam sobre o teclado. Mais que ouvido, como comentava, com humor, alguém à saída, foi um concerto “ouvisto”. Esta inovação, que a tecnologia possibilitou, trouxe o órgão para o meio dos participantes. Cada andamento lembrava uma pintura flamenga onde o mais importante é o pormenor. Em honra do grande improvisador que foi Sweelinck, Giampolo, no final, brindou-nos com uma empolgante improvisação.
Datas dos concertos –sempre às 16 horas. Entrada livre.
a) Sweelinck Festival – 24/3; 26/5; 29/9; 24/11.
b) Sons e timbres do órgão ibérico: 25/2; 28/4; 30/6; 27/10.
Os valores são democráticos porque acessíveis a todos mas aristocráticos porque só alguns os sabem usufruir.
Para todos e, especialmente, para quem tem a “aristocracia do gosto” fica o convite: se puderem, aproveitem esta oferta com que o Seminário Maior nos presenteia.