Salmos para rezar

E fiquei intrigado porque, enquanto o mosteiro jazia em total abandono, no moinho, havia sinais evidentes de recente utilização. Um pastor, que passava com a vezeira, informou-me que, no ano anterior, ali vivera o P. Telmo dos Gaiatos.
Para quê? - "Retiro? Desejo irreprimível, dum encontro comigo e com o Senhor?"
E no fim? "Na alma muita areia e caliça que a mó do moinho não conseguiu moer".
Abri a porta e ainda encontrei a "tarimba para o colchão e, no centro, a grande mó de granito. É o meu moinho! Nele cozinho, leio, rezo e falo com o Senhor!"
A mó era mesa e era altar.
"O Rio engrossou. O som da cachoeira é mais cavo. De todas as rochas e barrancos escorrem fios de prata.
Celebrei a Eucaristia no moinho.
A mó
Foi o Teu altar!
Tanto grão
Nela se fez farinha!
Saiu pão
Que de novo
Veio à mó
Adormecida;
Porque sobre ela
Porque sobre ela
O converti
No Senhor da Vida!"
Há dias, ao visitar o P. Fontes, em Vilar de Perdizes, ele mostrou-me um livro e disse: - São salmos para rezar.
Sentado no velho escano ao calor da lareira, deliciei-me com os poemas e pensamentos que P. Telmo escrevera nos oito meses que viveu no moinho.
Porque fiquei maravilhado, apressei-me a oferecer-vos este convite que, para ser mais doce, polvilhei com citações do livro “Mourela o Rio e o Moinho do Mosteiro”.
Amigo, se puder, suba até à Mourela.
"Nua de arvoredo, sempre vestida de erva, urze e carqueja. Cumes e encostas em semicírculo convergem para as colinas e vales, no fundo dos quais se aninham os telhados vermelhos de Pitões das Júnias.
Cuidado com "a bosta das vacas, honradas e puras".
No “Café do Preto”, adquira o livro cujo produto vai inteirinho para os Gaiatos de Angola.
Desça até ao moinho.
Extasie-se:
"O tom azulado das montanhas! Cantam os pássaros! As ervas e as urzes largam, agradecidas, uma a uma, gotas de luz! Desce a encosta íngreme o chocalho solene duma vaca barrosã".
Bendiga:
"TEU silêncio, meu Deus
Me envolve
Neste anel de ternura!
Mistério infinito
Que cicia
Na solidão dos penedos
E na quietude profunda
Dos cumes;
Na flor da carqueja,
Na urze que viceja
E no som dos rios
Que vem lá do fundo
E é sangue a correr
Em cada veia
Desta imensidão!!! "
Reze:
"Senhor!
Quisera ser pedra
No alto do monte:
Quieta e muda
Banhada pelo Sol
Batida pela chuva
Varrida pelos ventos
Ou nuvens apressadas
E, nos dias de brancura,
Com os campos de neve
- para TE adorar! "
Tonifica os músculos, purifica os pulmões e faz muito bem à alma!
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