O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, janeiro 11, 2012

Quando os monumentos falam…

Deus, ao agraciar o homem com o dom da beleza, fez da arte uma das expressões mais sublimes do espírito humano.

“ Pela arte, o mundo torna-se mais inteligível, mais familiar. Ela permite um eterno intercâmbio entre nós e o mundo que nos cerca”.
A arte humaniza o espaço. Faz a ponte entre a subjectividade do artista que a cria ou do fruidor que a recria e o mundo onde se objectiva, seja na amplidão das ruas e praças, seja na intimidade das nossas casas. Com ela, o espaço, frio e opaco, torna-se significativo e acolhedor. Pela arte, o homem imprime a sua caducidade na perenidade da matéria. Ao deixar a sua pegada no tempo, satisfaz, de certa forma, a sua fome de eternidade. Miguel Ângelo morreu há 447 anos, mas continua vivo na Capela Sistina...
Com obras de arte, as cidades perpetuam a memória e seus valores e cada um de nós dá um cunho pessoal à sua casa.

Vem isto a propósito do livro D. ANTÓNIO BARROSO FALA NOS SEUS MONUMENTOS que, neste texto, cito em itálico. Com ele, o autor, P. Adílio Macedo, celebra os cinquenta anos da “inauguração do Monumento a D. António Barroso, erigido na donairosa freguesia de Remelhe”. E fá-lo com o simbolismo de três monumentos que evocam percursos complementares da vida de D. António Barroso. O de Barcelos, inaugurado em 1931, lembra “o seu trajecto missionário”. O de Remelhe, inaugurado em 1959, evoca o seu percurso humano. O do Porto, inaugurado em 1999, recorda o seu trajecto episcopal.
Para que D. António Barroso seja ouvido é preciso que os seus monumentos sejam pólos de atenção. Em Barcelos, toda a gente sabe que se encontra frente à Câmara Municipal. Pergunte-se em Remelhe e todos informarão que está ao pé da igreja. E o do Porto? Quem sabe onde se localiza? E, no entanto, como é rico de simbolismo! “ Ergue-se numa estrutura quadrilateral em bronze. (…) Sugere, intencionalmente um alto “padrão” a marcar a passagem do grande Missionário e Bispo por Angola, Moçambique e Índia. No lado da frente, aparece a figura de D. António, com uma expressão ao mesmo tempo serena e austera, senhora de uma grande sabedoria humana e cristã. A sua mão direita aponta a direcção da Sé que ele tanto nobilitou. No lado oposto, vê-se um pelicano alimentando os filhotes com a sua própria carne (…) com a legenda: Non sibi sed omnibus (Não para si mas para todos). No lado direito, três cabeças como que emergindo de um tufo de vegetação exótica, evocam a África, Ásia e Europa”.
O monumento, obra notável do escultor José Rodrigues, pela qualidade artística e pelo significado, bem merece que a cidade lhe dê maior visibilidade. Fica sugestão