O Tanoeiro da Ribeira

terça-feira, janeiro 03, 2012

Ecos do “Ecce Homo”

O matrimónio mais que um compromisso é um acto de confiança no outro e em Deus. Este testemunho do casal Teresa e Filipe Postiga - com quem compartilho a alegria pelo salvamento dos seis pescadores seus conterrâneos - na 2ª sessão do “Eis o Homem”, recordou-me a frase: “O sacramento do matrimónio radica na grandeza do Humano e atinge a sua plenitude na beleza do Divino”.

Grandeza do Humano – A pessoa não se realiza fechada sobre si mesma mas atinge a plenitude quando se transcende:
- na abertura aos outros que a ajudam a crescer. A construção pessoal faz-se na convivência com o outro. O “Tu precede o Eu” e o Nós realiza-se na comunhão de ambos. Esta passagem do eu ao nós não se faz sem sofrimento”, disse D. Manuel Clemente.
- na vivência do tempo. O homem, como ser das lonjuras, é memória do “ontem” e construtor do “amanhã”. O “hoje” é um presente de Deus a ser vivido com gratidão e louvor;
- na busca de sentido para a vida. A Pessoa faz-se peregrina do Absoluto. No processo evolutivo da hominização, o enterramento dos mortos assinala o aparecimento do “homo sapiens”. Ao cuidar dos seus mortos, indicia a crença de que nem tudo acaba com a morte. É a abertura à Transcendência, ao grande Outro.

Beleza do Divino - “É grande este mistério: digo-o em relação a Cristo e à Igreja (Ef 5,32)
Grande mistério porque, no matrimónio, o homem e a mulher, em comunhão, são “imagem” do Deus-Amor que é unidade na pluralidade. O Matrimónio realiza e faz crescer o amor com que Deus enriqueceu o coração humano. A vida conjugal torna-se fonte de santificação para os esposos e a família constitui-se como Igreja doméstica. O matrimónio é sinal do Amor de Cristo à Igreja: uno, fiel e fecundo.
Como disse o Papa João Paulo II, O sacramento do matrimónio, que retoma e especifica a graça santificante do baptismo, é a fonte própria e o meio original de santificação para os esposos. (…)

Pelo sacramento do Matrimónio, construímos o Nós e o outro transforma-se num “alter Christus”. Todos os gestos de Amor conjugal ganham dimensão de eternidade e transformam-se em “caminhos de santidade”, como disse João Paulo II na homilia de beatificação do casal Quattrocchi: A riqueza de fé e de amor dos cônjuges Luís e Maria Quattrocchi é uma demonstração viva de quanto o Concílio Vaticano II afirmou sobre a vocação de todos os fiéis à santidade, especificando que os cônjuges procuram este objectivo segundo o próprio caminho. Para eles a fidelidade ao Evangelho e a heroicidade das virtudes foram relevadas a partir da sua existência como cônjuges e como pais.

O Matrimónio não é um fardo mas um (…) dom de Jesus Cristo que não se esgota na celebração do matrimónio mas acompanha os esposos ao longo de toda a existência.