Deus quer, o Homem sonha…
Nasceu no coração de um bispo e foi acalentada pelo humanismo de um presidente da Câmara a Obra cujo “trabalho notável em favor dos mais frágeis” foi elogiado pelo Presidente da República, no passado dia 20. O bispo foi D. Florentino, preocupado com as gentes pobres dos bairros sociais, e o presidente foi o Dr. Nuno Pinheiro Torres para quem não bastava dar casa às pessoas, era preciso dar alma.
Com sede no Instituto de Serviço Social, foi gerada no Secretariado Diocesano de Ação Social e começou a germinar, em março de 1964, no Bairro do Cerco.
A “Obra dos Bairros” recebeu o nome de Obra Diocesana de Promoção Social na Cidade do Porto, em 1967, com a aprovação dos seus estatutos. Queria promover o desenvolvimento integral do homem fazendo-o agente da sua própria história, fazer dos habitantes dos bairros “cidadãos de primeira” e ajudá-los a criar novas comunidades agora que tinham perdido as antigas referências de vizinhança. Muitos eram os que se sentiam escorraçados das “ilhas” onde nasceram e emprateleirados, como objectos anónimos, em grandes bairros da periferia urbana.
Como foi possível o governo de Salazar dar personalidade jurídica a uma obra, única no seu género em Portugal, cuja finalidade era promover a autonomia social dos grupos humanos mais desfavorecidos? Penso que só o foi porque a diocese teve como interlocutora, por parte do Ministério de Saúde e Assistência, a Dr.ª Manuela Silva e contou com a extraordinária capacidade argumentativa de D. Julieta Cardoso, directora do Instituto de Serviço Social do Porto. Foram negociações duras e longas. O nome foi um triunfo e é um trunfo, como realçou D. Manuel Clemente no primeiro jantar beneficente da “Liga dos Amigos” em que participou.
Este objetivo esteve presente logo no início da Obra. A Voz do Pastor, em 17 de setembro de 1964, com o título profético “Uma obra de vasta projecção futura: a Acção Social nos novos Bairros” escrevia: Todo o trabalho é feito pela própria população e da sua responsabilidade, com a devida ajuda de animadores (dos Cursos de Cristandade) e a coordenação duma assistente social.
Foram convidadas todas as famílias a assistirem a reuniões preparatórias e a exporem os problemas da comunidade. À medida que se apuravam as necessidades mais importantes, assim se criaram comissões para cada grupo de necessidades semelhantes.
O nascimento e a caraterização da Obra Diocesana traz consigo a marca da sua época: anos sessenta, em tempos de Vaticano II. É uma Obra de e da, mas não para a Igreja; uma obra eclesial mas não eclesiástica ou clerical. Aberta a todos, é de leigos e dirigida por leigos, mas sempre muito acarinhada pelos bispos, a começar por D. António Ferreira Gomes logo após o seu regresso à Diocese. Estão todos de parabéns.
Com sede no Instituto de Serviço Social, foi gerada no Secretariado Diocesano de Ação Social e começou a germinar, em março de 1964, no Bairro do Cerco.
A “Obra dos Bairros” recebeu o nome de Obra Diocesana de Promoção Social na Cidade do Porto, em 1967, com a aprovação dos seus estatutos. Queria promover o desenvolvimento integral do homem fazendo-o agente da sua própria história, fazer dos habitantes dos bairros “cidadãos de primeira” e ajudá-los a criar novas comunidades agora que tinham perdido as antigas referências de vizinhança. Muitos eram os que se sentiam escorraçados das “ilhas” onde nasceram e emprateleirados, como objectos anónimos, em grandes bairros da periferia urbana.
Como foi possível o governo de Salazar dar personalidade jurídica a uma obra, única no seu género em Portugal, cuja finalidade era promover a autonomia social dos grupos humanos mais desfavorecidos? Penso que só o foi porque a diocese teve como interlocutora, por parte do Ministério de Saúde e Assistência, a Dr.ª Manuela Silva e contou com a extraordinária capacidade argumentativa de D. Julieta Cardoso, directora do Instituto de Serviço Social do Porto. Foram negociações duras e longas. O nome foi um triunfo e é um trunfo, como realçou D. Manuel Clemente no primeiro jantar beneficente da “Liga dos Amigos” em que participou.
Este objetivo esteve presente logo no início da Obra. A Voz do Pastor, em 17 de setembro de 1964, com o título profético “Uma obra de vasta projecção futura: a Acção Social nos novos Bairros” escrevia: Todo o trabalho é feito pela própria população e da sua responsabilidade, com a devida ajuda de animadores (dos Cursos de Cristandade) e a coordenação duma assistente social.
Foram convidadas todas as famílias a assistirem a reuniões preparatórias e a exporem os problemas da comunidade. À medida que se apuravam as necessidades mais importantes, assim se criaram comissões para cada grupo de necessidades semelhantes.
O nascimento e a caraterização da Obra Diocesana traz consigo a marca da sua época: anos sessenta, em tempos de Vaticano II. É uma Obra de e da, mas não para a Igreja; uma obra eclesial mas não eclesiástica ou clerical. Aberta a todos, é de leigos e dirigida por leigos, mas sempre muito acarinhada pelos bispos, a começar por D. António Ferreira Gomes logo após o seu regresso à Diocese. Estão todos de parabéns.
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