“Os meus caminhos não são os vossos”
Há dias, desabafava, entre lágrimas, uma senhora a quem a filha, ainda jovem, falecera: - “ Abandonei a Igreja, perdi a fé. Porque é que Deus a deixou morrer? Ela era um anjo! Que mal fiz eu?”
No reino da ficção, o enredo tem de ser verosímil. A realidade é. Pura e simplesmente. Impõe-se com toda a rudeza sem obedecer a qualquer conveniência. Ultrapassa a ficção. Uma doença grave é como um tecto da casa que desaba e nós andamos à procura de pequenas bolsas de ar para podermos respirar. E os amigos, na presença/partilha silenciosa da nossa dor mais do que na abundância das palavras, são cireneus que nos ajudam a subir o calvário.
A primeira atitude do crente é pedir ajuda a Deus, como Cristo no Jardim das Oliveiras: “Pai, afasta de mim este cálice…” (Marc.14,36)
Quando o mal se agrava, questionamos Deus sobre o porquê do nosso sofrimento, como se Ele fosse um nosso igual, ou mesmo um subordinado, a quem podemos exigir satisfações: “Porquê, Senhor? Porquê a mim?”
Depois, recorremos a Deus de quem depende o sentido da vida: “Para quê? – Para completar o que falta à paixão de Cristo, diz S. Paulo. – “Para desconto dos meus pecados e conversão dos pecadores”, dizia a ti’Maria Rosa, no meio do seu enorme sofrimento.
Buscamos uma explicação. Sentimo-nos numa encruzilhada que pode levar à revolta ou gerar uma atitude de humildade. São humanamente compreensíveis as palavras que citei no início. Quem não passou por essa situação nem sequer imagina o que será perder um filho na flor da idade. Custa muito ver um filho a sofrer e não poder assumir o seu lugar. Quando recorremos a todos os meios que Deus deixou à nossa disposição, lágrimas, orações, medicina, e não lhe podemos valer, sentimo-nos secos por dentro e profundamente humilhados. Temos de reconhecer que o filho que criamos não é nosso, não fomos os autores da sua vida. Mas esta humilhação poderá, também, consciencializar-nos do nosso papel na criação. Vemo-nos como simples instrumentos de Deus que criou o nosso filho à Sua imagem e semelhança. E damos graças por Ele nos ter associado à Sua obra criadora. Sentimo-nos felizes por termos colaborado na criação de uma vida para a Eternidade. Reconhecemo-nos como criaturas, sujeitos às leis da física e da biologia. Nessa pequenez, sabemos que Deus nos ama e partilha do nosso sofrimento.
Ser humilde é bonito, fica bem apregoar:”Eu cá sou uma pessoa humilde…” E a sua ausência é um defeito com que gostamos de condenar aqueles de quem não gostamos:” o que lhe falta é humildade”. No pressuposto de que é coisa que em nós abunda… A “humilhação”, porém, mete medo, repugna-nos. Mas, sem passar por esta, dificilmente se chega àquela.
Penso que o que distingue Pedro de Judas é sua reacção perante o pecado. Ambos erraram. E não sei qual foi mais grave: se é feio atraiçoar o amigo por dinheiro, também não é bonito negar o amigo por cobardia. O que os distingue foi a atitude que tomaram face ao reconhecimento do erro: um, humildemente, aceitou a sua própria fraqueza, arrependeu-se e chorou amargamente; outro não aceitou, revoltou-se contra si mesmo e suicidou-se. Enquanto este se tornou no grande réprobo da História, aquele foi a pedra sobre a qual Cristo fundou a sua Igreja.
Caminhos… Vidas…
No reino da ficção, o enredo tem de ser verosímil. A realidade é. Pura e simplesmente. Impõe-se com toda a rudeza sem obedecer a qualquer conveniência. Ultrapassa a ficção. Uma doença grave é como um tecto da casa que desaba e nós andamos à procura de pequenas bolsas de ar para podermos respirar. E os amigos, na presença/partilha silenciosa da nossa dor mais do que na abundância das palavras, são cireneus que nos ajudam a subir o calvário.
A primeira atitude do crente é pedir ajuda a Deus, como Cristo no Jardim das Oliveiras: “Pai, afasta de mim este cálice…” (Marc.14,36)
Quando o mal se agrava, questionamos Deus sobre o porquê do nosso sofrimento, como se Ele fosse um nosso igual, ou mesmo um subordinado, a quem podemos exigir satisfações: “Porquê, Senhor? Porquê a mim?”
Depois, recorremos a Deus de quem depende o sentido da vida: “Para quê? – Para completar o que falta à paixão de Cristo, diz S. Paulo. – “Para desconto dos meus pecados e conversão dos pecadores”, dizia a ti’Maria Rosa, no meio do seu enorme sofrimento.
Buscamos uma explicação. Sentimo-nos numa encruzilhada que pode levar à revolta ou gerar uma atitude de humildade. São humanamente compreensíveis as palavras que citei no início. Quem não passou por essa situação nem sequer imagina o que será perder um filho na flor da idade. Custa muito ver um filho a sofrer e não poder assumir o seu lugar. Quando recorremos a todos os meios que Deus deixou à nossa disposição, lágrimas, orações, medicina, e não lhe podemos valer, sentimo-nos secos por dentro e profundamente humilhados. Temos de reconhecer que o filho que criamos não é nosso, não fomos os autores da sua vida. Mas esta humilhação poderá, também, consciencializar-nos do nosso papel na criação. Vemo-nos como simples instrumentos de Deus que criou o nosso filho à Sua imagem e semelhança. E damos graças por Ele nos ter associado à Sua obra criadora. Sentimo-nos felizes por termos colaborado na criação de uma vida para a Eternidade. Reconhecemo-nos como criaturas, sujeitos às leis da física e da biologia. Nessa pequenez, sabemos que Deus nos ama e partilha do nosso sofrimento.
Ser humilde é bonito, fica bem apregoar:”Eu cá sou uma pessoa humilde…” E a sua ausência é um defeito com que gostamos de condenar aqueles de quem não gostamos:” o que lhe falta é humildade”. No pressuposto de que é coisa que em nós abunda… A “humilhação”, porém, mete medo, repugna-nos. Mas, sem passar por esta, dificilmente se chega àquela.
Penso que o que distingue Pedro de Judas é sua reacção perante o pecado. Ambos erraram. E não sei qual foi mais grave: se é feio atraiçoar o amigo por dinheiro, também não é bonito negar o amigo por cobardia. O que os distingue foi a atitude que tomaram face ao reconhecimento do erro: um, humildemente, aceitou a sua própria fraqueza, arrependeu-se e chorou amargamente; outro não aceitou, revoltou-se contra si mesmo e suicidou-se. Enquanto este se tornou no grande réprobo da História, aquele foi a pedra sobre a qual Cristo fundou a sua Igreja.
Caminhos… Vidas…
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