Entre irmãos…Separados (?)
“Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste.” (Jo.17,21)
Dois acontecimentos me fizeram lembrar esta oração de Jesus.
1º Momento - “De porto em Porto – uma caminhada de reflexão com Paulo”…
Era jovem aquele “pequeno resto” de cristãos que “…de cais em cais”, na noite de 25 de Março, calcorreou as ruas íngremes do Porto Antigo. O primeiro cais aconteceu na Alfândega do Porto, com a leitura dos Actos dos Apóstolos (9.1-21). No cais 2, na igreja de S. Nicolau, foi lida a carta aos Gálatas 3,23-4.7. Subimos até ao cais 3, já na Reitoria da UP, onde decorria uma exposição de pinturas de Giotto, ouvimos o “Coro Anima Mea” e foram proclamados os Actos 17.15-34 e Filipenses1.9b-26. No cais 4, na igreja metodista do Mirante, a pergunta que nos acolheu foi: “O que é o amor?” O cântico “Se eu compreendesse todos os mistérios e segredos da ciência…”, pelo Coro da Juventude Metodista, introduziu a leitura e comentário da Carta aos Coríntios 13,1-13. Rezámos ao “Pai Nosso…”. Terminou com um convívio oferecido pela igreja do Mirante.
E fiquei a pensar… o que é que nos separa? Esta caminhada, organizada pelo Grupo InterConfessional Universitário do Porto, reuniu seis Igrejas Cristãs. Teoricamente, sabia que aquele grupo, de mais de 100 pessoas, era formado por cristãos de diferentes confissões, mas, na prática, quais eram, o que é que nos identificava como diferentes? Nada. Quem eram aqueles jovens com quem partilhei reflexão: católicos, evangélicos, ortodoxos? O importante é que vivíamos a mesma fé em Cristo. E então perguntei-me: Como é que os responsáveis das igrejas podem dormir descansados enquanto perdurar este escândalo que ofende a vontade de Cristo? Não podemos desculpar-nos, culpabilizando os outros. A culpa nunca vem só, diz o nosso povo…
2º Momento - Na Catedral de S. Pedro em Genebra
No dia 27 de Março, assisti à “Paixão Segundo São João” de Bach, no concerto comemorativo do 500º aniversário de Calvino. Sem esquecer a magnífica interpretação do “Ensemble Vocal de Lausanne”, foi o cenário o que mais me surpreendeu. Aos primeiros acordes, as lâmpadas eléctricas apagaram-se e a magia de duas mil lamparinas venceu a aridez calvinista da catedral, dourou o granito das colunas góticas e criou uma atmosfera de recolhimento e de intimidade. Quão longe vão os tempos em que Calvino baniu os órgãos e a polifonia do novo culto porque os crentes prestavam mais atenção ao encanto da melodia que ao sentido espiritual das palavras, a música era psicotrópica.
Foram duas horas de “céu”… Senti-me em casa, entre irmãos. Ao contemplar a grandeza daquela igreja, construída no século XII para catedral da Diocese de Genebra, que no século XVI se transformou em igreja-mãe da “Roma Calvinista” (onde ainda se conserva a cadeira de Calvino) e, nesse momento, era cenário dum drama musical nascido num ambiente luterano, mais uma vez ressoaram em mim as palavras de Jesus e me interroguei: para além de escândalo para o Mundo, a divisão dos cristãos não será, objectivamente, um pecado que ofende a vontade de Deus? Quem responderá por este pecado colectivo?
Quaresma – tempo de conversão
O que corrompe não é o serviço é o poder, este é a causa da divisão. Disse Bento XVI, «o ecumenismo verdadeiro não existe sem a conversão interior, porque o desejo da unidade nasce e amadurece na renovação da mente, na abnegação de si mesmo e no exercício pleno da caridade»? A oração não chega se não levar à conversão. Não responsabilizemos a Deus por aquilo que é culpa dos homens. A Quaresma é, por excelência, o tempo da metanóia. “Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como metal que soa, ou como sino que tine…” (1ªCor.13,1). Palavras… Só palavras? “Palavras leva-as o vento”, diz o povo…
Dois acontecimentos me fizeram lembrar esta oração de Jesus.
1º Momento - “De porto em Porto – uma caminhada de reflexão com Paulo”…
Era jovem aquele “pequeno resto” de cristãos que “…de cais em cais”, na noite de 25 de Março, calcorreou as ruas íngremes do Porto Antigo. O primeiro cais aconteceu na Alfândega do Porto, com a leitura dos Actos dos Apóstolos (9.1-21). No cais 2, na igreja de S. Nicolau, foi lida a carta aos Gálatas 3,23-4.7. Subimos até ao cais 3, já na Reitoria da UP, onde decorria uma exposição de pinturas de Giotto, ouvimos o “Coro Anima Mea” e foram proclamados os Actos 17.15-34 e Filipenses1.9b-26. No cais 4, na igreja metodista do Mirante, a pergunta que nos acolheu foi: “O que é o amor?” O cântico “Se eu compreendesse todos os mistérios e segredos da ciência…”, pelo Coro da Juventude Metodista, introduziu a leitura e comentário da Carta aos Coríntios 13,1-13. Rezámos ao “Pai Nosso…”. Terminou com um convívio oferecido pela igreja do Mirante.
E fiquei a pensar… o que é que nos separa? Esta caminhada, organizada pelo Grupo InterConfessional Universitário do Porto, reuniu seis Igrejas Cristãs. Teoricamente, sabia que aquele grupo, de mais de 100 pessoas, era formado por cristãos de diferentes confissões, mas, na prática, quais eram, o que é que nos identificava como diferentes? Nada. Quem eram aqueles jovens com quem partilhei reflexão: católicos, evangélicos, ortodoxos? O importante é que vivíamos a mesma fé em Cristo. E então perguntei-me: Como é que os responsáveis das igrejas podem dormir descansados enquanto perdurar este escândalo que ofende a vontade de Cristo? Não podemos desculpar-nos, culpabilizando os outros. A culpa nunca vem só, diz o nosso povo…
2º Momento - Na Catedral de S. Pedro em Genebra
No dia 27 de Março, assisti à “Paixão Segundo São João” de Bach, no concerto comemorativo do 500º aniversário de Calvino. Sem esquecer a magnífica interpretação do “Ensemble Vocal de Lausanne”, foi o cenário o que mais me surpreendeu. Aos primeiros acordes, as lâmpadas eléctricas apagaram-se e a magia de duas mil lamparinas venceu a aridez calvinista da catedral, dourou o granito das colunas góticas e criou uma atmosfera de recolhimento e de intimidade. Quão longe vão os tempos em que Calvino baniu os órgãos e a polifonia do novo culto porque os crentes prestavam mais atenção ao encanto da melodia que ao sentido espiritual das palavras, a música era psicotrópica.
Foram duas horas de “céu”… Senti-me em casa, entre irmãos. Ao contemplar a grandeza daquela igreja, construída no século XII para catedral da Diocese de Genebra, que no século XVI se transformou em igreja-mãe da “Roma Calvinista” (onde ainda se conserva a cadeira de Calvino) e, nesse momento, era cenário dum drama musical nascido num ambiente luterano, mais uma vez ressoaram em mim as palavras de Jesus e me interroguei: para além de escândalo para o Mundo, a divisão dos cristãos não será, objectivamente, um pecado que ofende a vontade de Deus? Quem responderá por este pecado colectivo?
Quaresma – tempo de conversão
O que corrompe não é o serviço é o poder, este é a causa da divisão. Disse Bento XVI, «o ecumenismo verdadeiro não existe sem a conversão interior, porque o desejo da unidade nasce e amadurece na renovação da mente, na abnegação de si mesmo e no exercício pleno da caridade»? A oração não chega se não levar à conversão. Não responsabilizemos a Deus por aquilo que é culpa dos homens. A Quaresma é, por excelência, o tempo da metanóia. “Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como metal que soa, ou como sino que tine…” (1ªCor.13,1). Palavras… Só palavras? “Palavras leva-as o vento”, diz o povo…
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