No Dia Mundial da Criança
Mudança de paradigmas educacionais
Neste “Dia da Criança”, vem-me ao pensamento a interrogação angustiada daquele pai cujo filho se suicidara: “aos 10 anos deixei a minha aldeia em Trás-os-Montes e vim para o Porto trabalhar numa padaria. Durante muitos anos não soube o que era um fim-de-semana nem uma noite descansada. Nunca faltei com nada ao meu filho. Dei-lhe tudo. Em que é que eu falhei?"
Estudos feitos nos Estados Unidos da América mostram que a taxa de suicídio de crianças entre os 10 e os 14 anos cresceu mais de 50% nos últimos três décadas e que entre dois e oito por cento das crianças sofrem de depressão. Porquê?
Antigamente, a criança crescia num mundo de adultos, partilhava dos seus trabalhos e sofrimentos. Como que por osmose, preparava-se para enfrentar os contratempos da vida.
Depois, a “sociedade de consumo” veio afirmar que a felicidade está no ter e no prazer. Os pais sentem-se responsabilizados pelo nascimento do filho que “não pediu para nascer”. Para o defender, constroem à sua volta um útero protector, satisfazendo todos os seus caprichos. Os seus desejos são ordens.
A “marca criança” começou a vender bem e garantir boas audiências televisivas. E passou a ser usada como isco para atrair as compras dos pais. Não será isto exploração infantil? Em França, cinquenta por cento das decisões de compra das famílias são tomadas pelas crianças. As televisões, e não só, encheram-se de crianças: são anúncios, concursos, telenovelas. E não só…
Criámos um mundo sem frustrações, sem sofrimento, onde a morte é o último tabu. Passou a ser “virtual” nos jogos de computador onde se mata e se morre, com sangue, mas sem dor. Tudo é beleza, juventude, êxito, prazer…felicidade. A impunidade campeia. Depois, quando a vida deixa de ser ao “faz-de-conta” e se torna verdadeiramente real, quando é preciso enfrentar as dificuldades, surge a “baixa auto-estima”, a revolta, a depressão e, em casos mais graves, o suicídio. “ Se as crianças nunca experimentarem a frustração serão adultos centrados em si próprios, será o cada um por si, será a guerra.” (Aldo Naouri).
Em busca de um paradigma diferente
É tempo de descobrir novos modelos. Que caminho?
“Os seres humanos procuram um sentido no mundo, um significado a realizar, uma causa a servir, uma pessoa a amar” (Viktor Frankl). Mais importante que o ter e o prazer é o “sentido da vida”. Só este pode esconjurar o tédio e o vazio. Mas que sentido? É uma busca pessoal. No entanto, deixo-vos com a resposta do Cardeal Martini à questão “Em que consiste o sentido da vida para si?”
• Dos jovens ouço muitas vezes:”Quero ser feliz, ser amado e quero saber para que estou aqui”. No entanto eu vou mais longe: é necessário trabalhar por esta felicidade, relacionar-se bem consigo mesmo.
• Por vezes, é necessário recolhimento interior e agradecer a Deus. Não podemos deixar de ver a felicidade que temos.
• Juntamente com a gratidão também a amizade é uma fonte para o sentido da vida.
• Sentido é como água na qual nado. Sentido desenvolve-se. Quando te fazes forte para pessoas que precisam de ti, então intensifica-se o sentido na tua vida e na deles.
• Quem está convencido de que as dificuldades fazem amadurecer humanamente, esse tal transforma-se no ser humano mais valioso.
Neste “Dia da Criança”, vem-me ao pensamento a interrogação angustiada daquele pai cujo filho se suicidara: “aos 10 anos deixei a minha aldeia em Trás-os-Montes e vim para o Porto trabalhar numa padaria. Durante muitos anos não soube o que era um fim-de-semana nem uma noite descansada. Nunca faltei com nada ao meu filho. Dei-lhe tudo. Em que é que eu falhei?"
Estudos feitos nos Estados Unidos da América mostram que a taxa de suicídio de crianças entre os 10 e os 14 anos cresceu mais de 50% nos últimos três décadas e que entre dois e oito por cento das crianças sofrem de depressão. Porquê?
Antigamente, a criança crescia num mundo de adultos, partilhava dos seus trabalhos e sofrimentos. Como que por osmose, preparava-se para enfrentar os contratempos da vida.
Depois, a “sociedade de consumo” veio afirmar que a felicidade está no ter e no prazer. Os pais sentem-se responsabilizados pelo nascimento do filho que “não pediu para nascer”. Para o defender, constroem à sua volta um útero protector, satisfazendo todos os seus caprichos. Os seus desejos são ordens.
A “marca criança” começou a vender bem e garantir boas audiências televisivas. E passou a ser usada como isco para atrair as compras dos pais. Não será isto exploração infantil? Em França, cinquenta por cento das decisões de compra das famílias são tomadas pelas crianças. As televisões, e não só, encheram-se de crianças: são anúncios, concursos, telenovelas. E não só…
Criámos um mundo sem frustrações, sem sofrimento, onde a morte é o último tabu. Passou a ser “virtual” nos jogos de computador onde se mata e se morre, com sangue, mas sem dor. Tudo é beleza, juventude, êxito, prazer…felicidade. A impunidade campeia. Depois, quando a vida deixa de ser ao “faz-de-conta” e se torna verdadeiramente real, quando é preciso enfrentar as dificuldades, surge a “baixa auto-estima”, a revolta, a depressão e, em casos mais graves, o suicídio. “ Se as crianças nunca experimentarem a frustração serão adultos centrados em si próprios, será o cada um por si, será a guerra.” (Aldo Naouri).
Em busca de um paradigma diferente
É tempo de descobrir novos modelos. Que caminho?
“Os seres humanos procuram um sentido no mundo, um significado a realizar, uma causa a servir, uma pessoa a amar” (Viktor Frankl). Mais importante que o ter e o prazer é o “sentido da vida”. Só este pode esconjurar o tédio e o vazio. Mas que sentido? É uma busca pessoal. No entanto, deixo-vos com a resposta do Cardeal Martini à questão “Em que consiste o sentido da vida para si?”
• Dos jovens ouço muitas vezes:”Quero ser feliz, ser amado e quero saber para que estou aqui”. No entanto eu vou mais longe: é necessário trabalhar por esta felicidade, relacionar-se bem consigo mesmo.
• Por vezes, é necessário recolhimento interior e agradecer a Deus. Não podemos deixar de ver a felicidade que temos.
• Juntamente com a gratidão também a amizade é uma fonte para o sentido da vida.
• Sentido é como água na qual nado. Sentido desenvolve-se. Quando te fazes forte para pessoas que precisam de ti, então intensifica-se o sentido na tua vida e na deles.
• Quem está convencido de que as dificuldades fazem amadurecer humanamente, esse tal transforma-se no ser humano mais valioso.
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